20 fev, 2021 - 18:32 • Redação
A pandemia de Covid-19 pode ser uma oportunidade com vista a uma menor dependência de combustíveis fósseis e ao reforço da aposta nas energia renováveis, defende António Costa e Silva.
O autor da Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030 falava, este sábado, no Fórum Vencer o Futuro, da Juventude Socialista.
António Costa e Silva considera que a gestão da energia é chave para o futuro de Portugal e para o combate às alterações climáticas, e que a pandemia está a ser uma janela de oportunidade para apostar nas energias renováveis.
“Nós somos um dos países do mundo que apostou, e bem, nas energias renováveis. Estamos hoje a caminho de uma menor dependência dos combustíveis fósseis, mas quando olhamos para a matriz energética mundial ainda vemos que 80% repousa nos combustíveis fósseis. Temos um espaço de 10 a 12 anos, até 2030/2032, que é absolutamente decisivo para o futuro. E eu penso que a pandemia abriu uma janela de oportunidade muito grande. Na pandemia tivemos uma redução mundial impressionante dos combustíveis fósseis, mas curiosamente um aumento das energias renováveis.”
"Não vamos ter ilusões, nós vamos ter empresas que(...)
O mundo está a mudar e o gestor considera que, no futuro, a economia vai basear-se na eletricidade, mas também no hidrogénio.
“A grande descoberta que nós temos aqui e vai ser um desafio desde século é a armazenagem da eletricidade em grande escala. A única razão por que ainda temos esta dependência dos combustíveis fósseis, sobretudo do petróleo e do gás, é que podemos armazenar petróleo e gás e consumir quando é necessário”, afirma Costa e Silva.
O autor do plano encomendado pelo Governo para desenhar o futuro de Portugal não tem dúvidas que a tecnologia vai permitir guardar eletricidade em grande escala, através de baterias de fluxo, o que “implicar a eletrificação crescente de grandes segmentos da economia”.
“Eu penso que o país, aí, está bem posicionado em termos da sua transição energética, dos objetivos do Plano Nacional de Energia e Clima. Tem feito um esforço gritante e eu sou das pessoas que acredita que o hidrogénio pode ser parte desta solução. O futuro não é só a eletrificação da economia, pode ser a eletrificação em conjunto com o hidrogénio”, sublinha.
crise Covid
Da indústria ao digital, da ferrovia à aviação pas(...)
O presidente da comissão executiva da petrolífera Partex defende que Lisboa e Porto deve caminhar no sentido de se tornarem “cidades inteligentes”, para depois “contagiarem” outras cidades de média dimensão.
“O paradigma é apostarmos nas cidades inteligentes. É usar os sensores e os dados para otimizar e regular o tráfego de pessoas, dos veículos, da água, da energia, dos recursos, dos resíduos. É reduzir os custos e contexto e enveredar por aquilo que são as grandes tendências da economia mundial de hoje e que são, sobretudo, trazidas pelas novas gerações.”
António Costa e Silva diz que pertence a uma geração “em que o mantra das pessoas era ter um carro”, mas as gerações mais novas já pensam de outra maneira e apostam na “economia partilhada”, um modelo que “pode ser absolutamente vital nas cidades”.
“Com o uso de carros autónomos numa economia partilhada – as pessoas têm uma aplicação para aceder e utilizar aos transportes, mas não são proprietárias – podemos libertar nas cidades cerca de 70% a 80% dos automóveis que existem hoje”, perspetiva António Costa e Silva.