19 fev, 2021 - 22:59 • Sandra Afonso
As contas são avançadas no estudo "Vaccination delay to cost Europe EUR90bn in 2021", da Euler Hermes, líder mundial em seguro de créditos. Este trabalho conclui ainda que a vacinação terá de ser seis vezes mais rápida, para alcançar o objetivo da Comissão Europeia: vacinar 70% da população adulta até ao verão de 2021.
Se o ritmo actual se mantiver, só será atingida a imunidade de grupo no final de 2022. O estudo dá o exemplo da Dinamarca, onde apenas 5% da população já recebeu pelo menos uma dose da vacina, o que contrasta com os 14,4% registados no Reino Unido e os 9,4% nos Estados Unidos.
Pelas actuais cinco semanas de atraso, a Europa já tem pela frente uma factura com custos de 50 mil milhões, o equivalente ao Fundo de Recuperação da União Europeia para 2021.
Os economistas antecipam “um primeiro trimestre negro”, marcado pela recessão, com elevadas restrições à actividade económica e pela corrida às vacinas. A chave para a recuperação passa pela vacinação e os efeitos na população mundial só serão verdadeiramente sentidos no segundo semestre. Até lá, o agravamento das condições sanitárias, serão especialmente sentidos na Europa e na América latina.
Segundo este estudo, cada semana de restrições à economia são menos 0,4 pontos percentuais no crescimento trimestral do PIB.
Em Portugal, a pandemia deverá representar uma quebra de 5,2% no PIB, nos primeiros três meses do ano. Mas esta tendência deverá inverter-se logo nos dois trimestres seguintes, em que a economia deverá crescer 3,9% e 5,5%, respectivamente. São as estimativas de Ludovic Subran, economista-chefe da Allianz e Euler Hermes.
Numa sessão de balanço do ano e estratégia de 2021, organizada pela COSEC, seguradora da Euler Hermes, Ludovic Subran avançou que as insolvências vão aumentar em Portugal. Depois de se terem mantido constantes em 2020, com as medidas extraordinárias de apoio à economia, em 2021 deverá registar-se um aumento de 23% e de 11% em 2022.
A mesma evolução é apontada para os principais destinos de exportação de Portugal: Espanha, França, Alemanha e Reino Unido.
Há vários setores com risco elevado ou relevante. É o caso dos fornecedores do setor automóvel, dos transportes e dos têxteis. Em Portugal, o setor têxtil é o que apresenta o risco mais elevado.
À escala europeia, a indústria farmacêutica destaca-se como exceção, apresentando, na generalidade dos países (Portugal incluído), um risco baixo.
A recuperação não será uniforme entre setores. Enquanto o setor da alimentação e o farmacêutico não sofreram alterações a nível global, “o transporte aéreo e o retalho não alimentar só deverão conseguir recuperar em 2023”. Em 2022, espera-se uma recuperação dos setores energético, têxtil, de equipamentos domésticos e restaurantes, entre outros.
Melhor estão áreas como a construção, a eletrónica e as telecomunicações, que “deverão conseguir retomar a atividade normal já em 2021”.