23 fev, 2021 - 09:12 • Lusa
Mais de 136 mil trabalhadores com vínculos precários perderam em 2020 o emprego, 67 mil dos quais mulheres, a maioria delas sem ter acesso a subsídio de desemprego, refere um estudo da CGTP.
De acordo com um estudo elaborado pelo Gabinete de Estudos Sociais da CGTP, com base em dados do INE, no ano passado foram destruídos cerca de 100 mil postos de trabalho, em termos líquidos, o que corresponde a um recuo anual de 2%, interrompendo o crescimento que se verificava há seis anos.
Para a central sindical esta é a prova de que "as medidas que o Governo implementou como resposta à Covid-19 não foram suficientes nem adequadas para evitar a destruição do emprego e o aumento do desemprego".
"Não só não proibiram os despedimentos, como reduziram os salários e rendimentos a mais de um milhão e quatrocentos mil trabalhadores em todo o país, com repercussões na economia e na sociedade, somando crise à crise", considerou no documento.
Segundo a análise, os trabalhadores com vínculos precários foram os primeiros a ser despedidos, sendo esta a principal razão para a perda de emprego e para o aumento do desemprego, numa proporção mais elevada que em anos anteriores.
No entanto, o trabalho precário voltou a aumentar no segundo semestre do ano passado, embora não retomando o nível anterior à pandemia, "devido ao crescimento do falso trabalho independente e de outras formas ainda mais precárias que o contrato a termo".
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"No 4.º trimestre de 2020 a precariedade medida através dos dados do INE (que subavaliam o seu número real) atingia 710,4 mil trabalhadores, sendo mais de metade mulheres (384 mil)", salientou o estudo.
A precariedade afeta 17,6% do total dos assalariados, sendo sempre superior entre as mulheres trabalhadoras (18,3% face a 16,7% entre os homens), em todas as idades.
Segundo o estudo, além da instabilidade laboral, com repercussões também na vida pessoal e familiar, os vínculos precários têm como consequência salários 20% a 30% mais baixos que os dos trabalhadores com vínculos permanentes.
De acordo com a CGTP, em 2020 o desemprego real atingiu quase 600 mil trabalhadores, tendo aumentado em mais de 68 mil face a 2019.
"Juntando os trabalhadores a tempo parcial que estão subempregados porque trabalham menos horas do que desejam, eram cerca de 752 milhares os trabalhadores desempregados ou subocupados em 2020, correspondendo a uma taxa de subutilização do trabalho de 13,9%, o dobro da taxa de desemprego oficial e também mais alta que em 2019", referiu o documento. Assim, os jovens e as mulheres são os que têm as percentagens mais elevadas, com taxas de subutilização do trabalho de 39,2% e 15,4%, respetivamente.
A Intersindical salientou ainda que "a maioria das mulheres desempregadas não tem acesso a prestações de desemprego", dado que pouco mais de um terço o consegue.
Além disso "os valores auferidos são, em média, muito baixos", sendo de 503 euros em 2020, ou seja, abaixo do limiar da pobreza, que era de 540 euros em 2019.