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Empresas em dificuldade

"Estamos por um fio". Cabeleireiros pedem desconfinamento a 1 de março

25 fev, 2021 - 01:01 • Ana Carrilho

Movimento que reúne cabeleireiros, barbeiros e consumidores defende que os estabelecimentos do setor devem ser os primeiros a desconfinar. Encerramento de estabelecimentos atinge 30 mil pessoas. "Muitas pessoas, por vergonha, não assumem que estão a passar mal”, reconhece o empresário José Gomes.

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O movimento “Estamos por um fio”, que reúne centenas de cabeleireiros, barbeiros e consumidores defende que os estabelecimentos do setor devem ser os primeiros a “desconfinar”.

No manifesto divulgado esta quarta-feira, é exigido que esse desconfinamento ocorra já na segunda-feira, dia 1 de março, situação que não está prevista para o novo período do estado de emergência, a vigorar até dia 16 de março.

A exigência é justificada com o investimento feito para o primeiro desconfinamento de modo a garantir a segurança sanitária nos seus espaços, mas, também, com a grave situação económica que muitas famílias que dependem do setor atravessam. E até com as necessidades dos clientes.

“Com o primeiro desconfinamento, em maio, o setor reagiu bem. Cumprimos com todas as exigências de segurança sanitária - com disponibilização de álcool-gel, uso de máscara e material de proteção -, mesmo tendo de faturar menos por causa dos atendimentos por marcação e menor lotação dos espaços. E chegar a esta altura, vermo-nos outra vez obrigados a fechar, foi de uma violência que achámos que tínhamos de nos fazer ouvir”, justifica José Gomes, um dos membros do movimento, em declarações à Renascença.

30 mil pessoas afetadas. "Muitas não assumem que estão a passar mal"

O encerramento de cerca de 10 mil barbearias e salões de cabeleireiro em todo o país afeta diretamente quase 30 mil pessoas, entre empresários e trabalhadores de um setor que, dizem, contribui para um 1% do Produto Interno Bruto.

Os profissionais têm consciência que são necessárias restrições, mas com todo o controlo que há nesta área, consideram que têm condições para retomar a atividade antes de outros sectores onde há maior risco de contágio.

“Até hoje não se ouviu falar de qualquer caso de surto ou de infeção gerada num cabeleireiro ou numa barbearia”, atira José Gomes que é dono de um cabeleireiro no Porto, “com história no mercado” e onde trabalham dez pessoas.

O empresário assegura que vai continuar com todos, mas, entretanto, recorreu ao lay-off simplificado.

Para já, estão todos em casa, mas há outras despesas fixas para além do trabalho, como rendas, água, luz, gás, comunicações, produtos e impostos.

Num setor marcado por micro e pequenas empresas, a maioria dos estabelecimentos conta com duas, três ou quatro pessoas, entre elas, o proprietário. Frequentemente, são empresas familiares. E muitos estão a passar grandes dificuldades.

“Muitas pessoas, por vergonha, não assumem que estão a passar mal”, reconhece.

José Gomes explica que uma empresa “estruturada e com algum fundo de maneio, consegue aguentar-se”. Mas aquelas que gerem “ao mês”, estão numa situação dramática porque não conseguem fazer face às despesas que se mantêm com a porta fechada, sem qualquer receita.

Para muitos profissionais, tal como acontece noutras áreas da economia, é a sobrevivência do negócio que está em causa.

Clientes também estão desejosos de voltar

Cortar o cabelo, pintar ou fazer madeixas, um simples brushing para as senhoras; corte e barba, para os homens revelam-se, afinal, serviços bem mais essenciais do que se poderia pensar, à partida.

A “corrida” aos cabeleireiros e barbearias, assim que o país “desconfinou”, maio, prova-o.

Para já, os mais chegados e fiéis, vão ligando aos profissionais que os costumam atender presencialmente.

José confessa à Renascença que está constantemente a receber mensagens ou telefonemas de clientes. Enquanto não pode prestar os seus serviços, vai dando algumas dicas para cada um ou uma consiga domar os seus cabelos e aconselha “calma”.

Apesar de trabalhar no ramo há mais de 30 anos, admite que foi preciso uma pandemia e confinamentos para se dar conta de como estes serviços são tão essenciais ao bem-estar de todos.

“Nunca imaginei que houvesse tantas pessoas que não estão ligadas à profissão, mas que entram em desespero por não ter os nossos serviços. Não os considero essenciais em termos de sobrevivência, mas tornam-se essenciais para a estabilidade emocional das pessoas. É uma questão de confiança: há pessoas a trabalhar, que têm de ir para reuniões ou mesmo em teletrabalho, querem estar apresentáveis. Acaba por ser um serviço que é prestado à sociedade e que é importante”.

“Estamos por um fio” está no Facebook, Twitter e Instagram a exigir voltar à atividade o mais rapidamente possível.

Não vai ser no dia 1 de março, como pretendiam os promotores do movimento.

Mas esperam que não demore.

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