18 mar, 2021 - 16:05 • Sandra Afonso
Até nos pagamentos, a preferência pelo virtual tem cada vez mais adeptos, segundo o balanço avançado esta quinta-feira pela SIBS, empresa que gere a rede multibanco. O relatório "365 dias de pandemia", publicado um ano depois de decretado o primeiro Estado de Emergência no país, analisa o impacto no consumo dos dois confinamentos e das restrições impostas pelo governo.
Hoje o comércio digital tem o dobro do peso, "subiu de 10% no 'antigo normal' para 18% no segundo período de confinamento", face ao total das compras realizadas. Estes números demonstram "uma crescente adoção do canal digital", segundo o relatório.
Por áreas, a alimentar e a secção de desporto são as que registam o maior crescimento de vendas online, mais do que duplicaram. O comércio alimentar aumentou 109% no primeiro confinamento e 97% no segundo, a venda de material desportivo subiu 114% no primeiro confinamento e 190% no segundo.
Em sentido contrário "os transportes de passageiros foram o setor mais afetado negativamente nas compras 'online', registando quebras de 75% e 52% no 1.º e 2.º confinamento, respetivamente".
Assim como aumentam as compras à distância, também nos pagamentos os consumidores evitam os contactos. Segundo a SIBS, a utilização de cartões com tecnologia "contactless" está a aumentar de forma significativa.
No segundo confinamento, quase quatro em cada 10 pagamentos com cartão (39%) foram feitos com "contactless", enquanto antes da pandemia estes pagamentos representavam apenas 12% do total.
As lojas físicas perderam vendas, sobretudo durante o primeiro confinamento. Entre 18 de março e 3 de maio, as compras nestes espaços caíram 47%, em comparação com igual período de 2019. Já entre 15 de janeiro e 17 de março de 2021, a queda homóloga foi de 29%.
A excepção a esta quebra são a mercearias e minimercados de bairro, onde as vendas aumentaram. Este sector "foi contra cíclico, por ter registado um número de transações superior ao homólogo durante este ano de pandemia", diz o relatório.
A SIBS analisou também as compras físicas e online nos transportes de passageiros e gasolineiras, além de outras operações relacionadas com mobilidade, que revelaram "diminuições significativas nas deslocações entre 18 março e 3 maio de 2020 (-64% face ao período pré-pandemia), e entre 15 de janeiro e 17 de março de 2021, onde a quebra na mobilidade em Portugal ficou pelos -45%".
Uma das excepções a esta quebra de mobilidade, sobretudo durante o confinamento, foram as viagens para sair das grandes metrópoles, nomeadamente, Lisboa e Porto.
"A saída do concelho (índice medido pelas transações realizadas) verifica-se em 30% a 40% dos cartões - possivelmente relacionada com a atividade laboral - e a saída do distrito de origem em 6% a 14% dos cartões - potencialmente associada a segundas casas", diz a SIBS.
Ainda segundo o relatório, "tomando os cartões com origem no concelho de Lisboa como exemplo, observou-se que 13% a 14% saíram do distrito durante os períodos de confinamento, quando essa taxa se situa normalmente nos 6% - valor que mais do que duplica nos períodos de maiores restrições".