24 mar, 2021 - 13:11 • Sandra Afonso
Em janeiro, mais de 45 mil milhões euros em empréstimos estavam suspensos. É o valor total dos créditos abrangidos por moratórias, segundo dados divulgados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal.
No início do ano, entre o regime público e privado, estavam suspensos 45,7 mil milhões euros em créditos.
Este número representa uma ligeira descida de 0,5 mil milhões face a dezembro. Uma redução “transversal à generalidade dos setores e finalidades, com exceção dos empréstimos concedidos a particulares para habitação e dos empréstimos às sociedades não financeiras do setor do alojamento e restauração, em que se registaram aumentos no recurso às moratórias de 71 e 38 milhões de euros, respetivamente", diz o relatório.
O pico da adesão às moratórias foi registado em abril de 2020, o mês seguinte à introdução da medida.
O montante máximo de 48,1 mil milhões de euros foi atingido em setembro de 2020. Desde então, tem-se verificado uma tendência decrescente, alimentada pelo fim de algumas moratórias privadas.
Um terço do total dos empréstimos das empresas (33,2%) está suspenso, abrangido pelas moratórias, segundo dados do Banco de Portugal. Em causa estão 24 mil milhões de euros, que inclui moratórias públicas e privadas.
Já no crédito a particulares a percentagem cai para metade. Em janeiro, 16% dos empréstimos estavam abrangidos por moratórias, mas estas representavam 20 mil milhões.
Outra nota importante: o capital suspenso nas empresas está concentrado em 54 mil devedores, cerca de 22% do total, enquanto nas famílias está disperso por 408 mil, que representam menos de 9% do total de devedores.
Há duas moratórias ainda em vigor: o regime público e o regime privado, promovido pela Associação Portuguesa de Bancos. Apenas uma moratória já terminou – a da Associação de Instituições de Crédito Especializado.
A próxima a expirar é a privada, da APB, mas há dois prazos a ter em conta: o crédito à habitação termina no final deste mês, enquanto o crédito pessoal chega ao fim a 30 de junho.
A última a expirar será a pública e também aqui há diferentes prazos. Está prevista a retoma do pagamento de juros em abril e do capital no final de setembro. No entanto, há exceções: as novas adesões continuam com capital e juros congelados até final de setembro.
Os bancos estão atentos à capacidade dos clientes. Segundo o presidente da APB, Faria de Oliveira, em declarações à RTP3, estão a trabalhar com o Governo para evitar um “efeito precipício”. Estão a ser desenhadas soluções, como subsídios a fundo perdido às empresas e capitalização com garantia do Estado.