10 abr, 2021 - 15:27 • Manuela Pires com redação
O sindicato dos trabalhadores da aviação e aeroportos (SITAVA) acusa a TAP de manipular os números das saídas de trabalhadores no âmbito do plano de reestruturação.
Na passada sexta-feira, a companhia aérea enviou uma mensagem aos trabalhadores a informar que os acordos de emergência e as saídas voluntárias iriam permitir reduzir as saídas previstas de 2.000 para cerca de 600.
José Sousa, secretario geral do SITAVA defendeu, em declarações à Renascença, que se trata de uma "grande confusão", porque já em fevereiro a empresa tinha o mesmo discurso. De acordo com o sindicalista, até março deste ano saíram 1.500 pessoas com contratos a termo e mais 700 pessoas com medidas voluntárias.
"Ontem, em reunião convocada pela TAP com os sindicatos, foi-nos apresentado o resultado das medidas voluntárias e, segundo a empresa, saíam cerca de 700 trabalhadores. Ora, ainda mais espantados ficámos, quando afinal é preciso sair ainda mais cerca de 600. É aqui que pensamos que há manipulação de números", explica José Sousa.
Segundo as contas do dirigente, desde o início de 2020 já saíram da empresa cerca de 3 mil trabalhadores. "A TAP, neste momento, deve ter um efectivo de trabalhadores de cerca de seis mil, o que é uma atrocidade que se está a fazer, não só aos planos de trabalho, mas também há empresa, que dificilmente conseguirá recuperar", disse.
Medidas voluntárias e acordos celebrados com sindi(...)
Após cinco anos de gestão privada, em 2020 a TAP voltou ao controlo do Estado, que passou a deter 72,5% do seu capital, depois de a companhia ter sido severamente afetada pela pandemia de covid-19 e de a Comissão Europeia ter autorizado um auxílio estatal de até 1.200 milhões de euros à transportadora aérea de bandeira portuguesa.
Um plano de reestruturação da companhia foi entregue à Comissão Europeia no último dia do prazo, em 10 de dezembro, e prevê o despedimento de 500 pilotos, 750 tripulantes de cabine, 450 trabalhadores da manutenção e engenharia e 250 das restantes áreas.
O plano prevê, ainda, a redução de 25% da massa salarial do grupo (30% no caso dos órgãos sociais) e do número de aviões que compõem a frota da companhia, de 108 para 88 aviões comerciais.
No total, até 2024, a companhia deverá receber entre 3.414 milhões de euros e 3.725 milhões de euros.