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Vinhos do Douro e Porto espreitam oportunidade para voltar a crescer

13 abr, 2021 - 11:00 • Olímpia Mairos

Apesar de a pandemia de Covid-19 ter provocado quebras na ordem dos 50 milhões de euros, a resiliência e a perseverança marcaram o último ano e permitiram aos vinhos do Douro e Porto novas formas de resposta aos agentes económicos.

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A pandemia interrompeu o bom ritmo de crescimento, em vendas, em valor e em quantidade, no que toca aos vinhos do Douro e Porto. Ainda assim, o balanço é marcado pela “resiliência e pela perseverança” que, a par da remodelação dos serviços do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) e de novas estratégias de abrangência, permitiram dar resposta aos agentes económicos.

“Os agentes económicos, numa primeira fase, tiveram alterações ao seu ‘modus operandi’ e isso implicou que houvesse alterações mesmo ao nível das exportações, ao nível da forma como nos relacionávamos com o setor, e isso conduziu, a médio prazo, a perdas significativas ao nível das vendas que, depois, se vieram a mitigar e a diminuir ao longo do ano, culminando, ao final do ano, com perdas acumuladas de cerca de 9% em termos de vinhos do Douro e do Porto”, conta à Renascença, o presidente do IVDP, Gilberto Igrejas.

Com o país ainda em estado de emergência, mas já em desconfinamento, o setor dos vinhos Douro e Porto mostra-se “expectante e com um otimismo regrado”.

O objetivo, assinala Gilberto Igrejas, é retomar rapidamente “os índices de crescimento que se vinham a registar desde 2019”.

Mas nem tudo foi mau em 2020. E Gilberto Igrejas destaca a aproximação aos agentes económicos e a modernização administrativa e em termos digitais do IVDP como aspetos positivos, na medida em que “permitiram dar resposta e continuar sempre de portas abertas, quer no domínio da certificação, quer mesmo no domínio de regulação de todo o setor vitivinicultor de toda a Região Demarcada do Douro”.

Aposta na promoção e na internacionalização

Para este ano 2021, o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto prevê aplicar 2,5 milhões de euros na promoção, um reforço de mais 20% para a realização de ações a nível nacional e internacional.

O plano de internacionalização a concretizar, se a situação pandémica assim o permitir, irá centrar-se em formações, por exemplo, em escolas de hotelaria, concursos, provas, jantares vínicos, entronizações, ações com profissionais e consumidores, bem como missões inversas, trazendo jornalistas para descobrir a Região Demarcada do Douro.

As iniciativas passarão pela França, Suíça, Dinamarca, Bélgica, Holanda, Estados Unidos da América (EUA), Canadá, Brasil, entre outros países.

“Sabemos que há uma crise do valor da vida e da humanidade da população e, portanto, aquilo que vamos ter que resolver é rapidamente esta crise sanitária. E depois desta crise pandémica, ver como é que as respostas ao nível do setor da comercialização vão poder ser implementadas”, explica o responsável.

“Temos que ver como é que os mercados vão trabalhar, como é que o setor de turismo vai ser revitalizado por forma a que nós possamos novamente ter as nossas fronteiras abertas, ter a possibilidade de receber novos turistas, novos consumidores e ver como é que o turismo vai apoiar ou não esta recuperação que todos nós queremos que seja o mais rápido possível”, acrescenta o presidente do IVDP.

À espera da reabertura de fronteiras

A abertura das esplanadas, ainda que com várias restrições, é já um bom princípio em termos de retoma, no que concerne aos vinhos do Douro.

“Em relação aos vinhos do Douro, seguramente que isso é um bom indicador e tomáramos todos que este quadro de pandemia pudesse ser debelado para que as espanadas possam abrir, para que os restaurantes possam abrir, os hotéis possam abrir, precisamente para dar força àquilo que é um produto genuinamente português, que é o caso do vinho”, assinala Gilberto Igrejas.

Já o mesmo não se pode afirmar em relação aos vinhos do Porto, muito dependentes das exportações e dos turistas estrangeiros.

“Para o vinho do Porto, ao nível do consumo em território português, nós dependemos essencialmente do consumo por parte de turistas e enquanto esse consumo não puder ser novamente retomado, seguramente os valores das vendas de vinho do Porto em território nacional não vão descolar”, observa Gilberto Igrejas.

As expetativas de retoma assentam, por isso, na reabertura das fronteiras, em maiores taxas de ocupação de hotéis, restaurantes e cafés para que o setor possa voltar a crescer em termos de preços e qualidade.

Brexit sem efeitos no mercado de vinho do Porto

É sabido que o Reino Unido é um dos principais mercados do vinho do Porto, ainda assim, ao contrário do que se possa pensar, não se regista uma influência direta do Brexit.

“O IVDP paulatinamente e em tempo acautelou o registo das marcas coletivas Douro e Porto no Reino Unido. As marcas Douro e Porto estão salvaguardadas. Para já, estão devidamente registadas e acauteladas. Portanto, nós não tivemos uma influência direta do Brexit”, afirma o presidente do IVDP.

Ainda assim, Gilberto Igrejas admite que “há mecanismos mais burocráticos” que no futuro podem vir a “prejudicar o setor da comercialização dos vinhos do Douro e do Porto”.

“Por via de regra, temos boas relações comerciais com o Reino Unido. Há um passado histórico, até comemorações de tratado de amizade entre Portugal e o Reino Unido e nós queremos acreditar que esses tratados de amizade, essas relações comerciais seculares com o Reino Unido também se manterão neste quadro de novo relacionamento de toda a União Europeia com o Reino Unido”, conclui o presidente do IVDP.

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  • Arlindo Castro
    13 abr, 2021 Porto 12:29
    É preciso ter muita lata para afirmar que "A pandemia interrompeu o bom ritmo de crescimento, em vendas, em ... quantidade, no que toca aos vinhos ... do Porto". Em 2010 foram comercializadas 157 mil pipas e, a partir daí, sempre em queda consecutiva até 2018, ano em que comercializamos apenas 133 mil pipas; depois desta queda brutal, em 2019 a comercialização cresceu 500 pipitas. Bom ritmo de crescimento? Ridículo!

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