22 mai, 2021 - 15:32 • Lusa
O primeiro-ministro defendeu hoje que em Portugal os cidadãos estão reconciliados com o euro e apontou que a resposta atual da União Europeia à crise da covid-19 é exemplo de uma estratégia de "recuperação sã, sem austeridade".
António Costa falava numa conferência de imprensa conjunta com o vice-chanceler alemão, Olaf Scholz, depois de confrontado com críticas do Bloco de Esquerda e PCP no sentido de que o Governo não executa os orçamentos por causa das regras de disciplina financeira impostas pela pertença de Portugal à zona euro.
"Em Portugal, esse debate está ultrapassado. Estamos todos reconciliados com o euro e espero que estejamos todos reconciliados com a ideia de que a austeridade não é o caminho a seguir", reagiu o líder do executivo português.
Também para reforçar a sua tese, António Costa alegou que "a resposta que a União Europeia está a dar nesta crise provocada pela covid-19 demonstra bem que é possível termos uma recuperação sã, sem recurso à austeridade".
"Há seis anos uns diziam-nos que para nos mantermos no euro tínhamos de seguir a austeridade e outros diziam-nos que se rompêssemos a austeridade tínhamos de sair do euro. Conseguimos demonstrar que é possível estar no euro, ter regras de finanças públicas sãs, e ter capacidade de investimento e boas políticas sociais", disse.
António Costa referiu ainda que o atual Governo "tem demonstrado como é possível compatibilizar finanças públicas sãs com uma política social forte, com um aumento significativo do investimento público, em particular em áreas fundamentais para o reforço do Serviço Nacional de Saúde, da educação, da ciência e para o combate às alterações climáticas".
"Antes da crise provocada pela covid-19, conseguimos chegar a ter o primeiro excedente orçamental da história da nossa democracia. Conseguimos fazer isso virando a página da austeridade", reforçou.
Um ponto em que o vice-chanceler alemão pegou para "elogiar o percurso económico e financeiro de Portugal nos últimos anos".
"Foi mesmo uma história de sucesso, quer do lado orçamental, quer dos lados do investimento e da coesão social", declarou o Olaf Scholz, também ministro das Finanças da Alemanha.
O primeiro-ministro considerou que "a forte relação" existente entre Portugal e a Alemanha tem sido "muito proveitosa" para o conjunto da União Europeia, alegando que, sendo países diferentes, apresentam em comum "o espírito europeu".
"A forte relação entre Portugal e a Alemanha tem sido muito proveitosa para o conjunto da União Europeia. Sendo países com dimensões diferentes, com estruturas económicas diferentes e posicionados em pontos geográficos também diferentes no continente, Portugal e a Alemanha têm uma longa tradição de trabalho em conjunto, de compreensão mútua e de um comum espírito europeu".
Depois, Olaf Scholz elogiou a presidência portuguesa do Conselho da União Europeia.
"A Europa precisa de uma resposta comum a esta crise. Foi mesmo crucial termos conseguido envolver os 27 Estados-membros. Estamos a dar uma resposta orçamental forte a esta crise, tendo em vista proporcionar um crescimento económico forte no período pós-pandemia. Estamos a salvar empregos e o programa SURE, que constituiu uma das primeiras respostas à crise, permitiu manter os postos de trabalho, fazendo a diferença no combate ao desemprego", defendeu o "numero dois" do executivo germânico.
O vice-chanceler deixou uma mensagem de elogio ao Governo português: "Estou muito agradecido à atual presidência do Conselho da União Europeia por ter pressionado tanto para que a resposta europeia à crise aconteça agora".