28 jun, 2021 - 18:09 • Hugo Monteiro
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Mais de 50 mil reservas em alojamentos locais foram canceladas nas últimas semanas, diz à Renascença Eduardo Miranda, presidente da Associação do Alojamento Local.
Os níveis de cancelamento atingiram este mês os níveis mais elevados num ano e este domingo foi o pior dia de sempre no que respeita a anulação de reservas.
Na origem desta situação está a decisão da Alemanha e Reino Unido de impor restrições às viagens dos turistas para Portugal.
A sobrevivência do setor está em causa e é preciso uma nova onda de apoios do Governo, diz Eduardo Miranda, presidente da Associação do Alojamento Local.
“O mês de julho já está perdido e começa já a comprometer o mês de agosto. E, aí, é muito complicado para as empresas, sem algum tipo de apoio, resistir não só um ano, mas dois verões seguidos praticamente sem faturar. É preciso um novo balão de oxigénio neste período até que a retoma se torne efetiva.”
Eduardo Miranda assinala a importância do setor para a economia nacional. “Hoje, o alojamento local representa qualquer coisa como 40% das dormidas a nível nacional. São 10 mil microempresas que estão em causa com essas dificuldades”, alerta.
Os turistas que estão a cancelar as reservas são provenientes de cada vez mais países. Esta vaga de cancelamentos acontece em todo o território nacional, exceção para a Madeira que passou a integrar a "lista verde" do Reino Unido.
A cancelamentos também já está a acontecer nos hotéis? O presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve afirma que sim e a situação vai piorar com a decisão de obrigar os turistas britânicos sem vacinação completa a fazer quarentena à chegada a Portugal.
Elidérico Viegas explica que, no caso alemão, só mais tarde é que as unidades hoteleiras deverão sentir os reflexos destes cancelamentos, uma vez que os turistas alemães optam, quase sempre, por fazer reservas através das agências.
Quanto aos turistas britânicos, a decisão do Governo português de os obrigar a quarentena à chegada a Portugal, vem agravar ainda mais a situação.
Elidérico Viegas assume o pessimismo que diz existir entre os agentes turísticos algarvios: o verão deste ano poderá ser ainda pior do que o de 2020.
"As perspetivas eram boas para este verão. Esperávamos ter mercados externos, nomeadamente do Reino Unido que é o nosso maior fornecedor de turistas. Neste momento, e caso a pandemia não evolua favoravelmente, podemos ter um verão pior do que o ano passado, uma vez que existem restrições também ao nível interno e isso pode limitar a vinda de portugueses para o Algarve, situação que já se tem verificado nas últimas semanas, com as restrições impostas à zona da Grande Lisboa".
Um quadro que leva, também, os hoteleiros algarvios a pedir mais apoios por parte do Governo.