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Covid-19

"A retoma do turismo abortou", avisa presidente da Associação da Hotelaria de Portugal

30 jun, 2021 - 23:40 • Ana Carrilho

Hoteleiros nacionais esperavam alguma retoma da atividade turística neste verão, embora longe de atingir os níveis de 2019. Era o que revelavam as respostas ao Inquérito AHP – Perspetivas Verão 2021, concluído poucos dias antes do Reino Unido e a Alemanha terem decidido impor maiores restrições nas viagens para Portugal.

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O presidente da Associação de Hotelaria de Portugal, Raul Martins, avisa diz que 2021 voltará a ser negativo para a hotelaria nacional.

Quando tudo parecia encaminhar-se, a final da Liga dos Campeões teve um impacto muito positivo para a hotelaria do Porto e arredores, foi o que responderam quase 80% dos inquiridos do Inquérito AHP – Perspetivas Verão 2021.

Por outro lado, a perspetiva de decréscimo de encerramentos era positiva, com as reaberturas a acontecerem progressivamente até outubro, sobretudo nas cidades.

Em junho, a taxa de ocupação nacional andou pelos 48%, variando entre os máximos de 61% no Alentejo e Algarve, 51% na Madeira, 42% no Norte até ao mínimo de 32% em Lisboa, a região mais afetada.

Quanto aos preços por quarto, a média anda pelos 93 euros, mas os valores mais elevados são atingidos no Norte (128 euros), Algarve (120 euros) e Alentejo (110 euros). Mais uma vez, Lisboa aparece agora quase no fundo da tabela, com 80 euros/noite, um preço muito abaixo do habitualmente praticado.

Ainda assim, os indicadores de junho revelaram taxas de ocupação e preços muito melhores ou pelo menos melhores do que os registados o ano passado.

Quanto às reservas para o verão, variavam entre 43% em junho e julho, 46% em agosto, 37% em setembro e quase surpreendentemente, na ordem dos 50%, para outubro. Era a expetativa de cerca de 60% dos inquiridos pela AHP.

Reino Unido e Alemanha penalizam Portugal: “retoma abortou”

As decisões de Angela Merkel e de Boris Johnson de imporem maiores restrições aos seus nacionais que quisessem viajar para Portugal, com quarentenas obrigatórias, mudaram os planos de muitos turistas e as boas perspetivas do turismo português e da hotelaria, em particular.

Para Raúl Martins, presidente da AHP, com estas condições, “a retoma do turismo abortou. A expetativa de que se iria iniciar, com estes condicionamentos da Alemanha e Reino Unido, não se irá dar. Será um ano negativo ou na melhor das hipóteses, um ano com resultado zero, quando tínhamos a expetativa de que ele fosse já, de alguma forma, positivo”.

E dá como exemplo o Algarve: “o mês de julho está completamente perdido. Quem estava a pensar vir para o Algarve tem agora países concorrentes como a Espanha, Itália, Grécia ou mesmo a Croácia, sem estes constrangimentos”.

Agosto está razoavelmente preenchido com o mercado nacional e eventualmente, pode haver alguma transferência de gozo de férias de julho para setembro, mas que não conseguirá compensar.

Ainda assim a presidente executiva da AHP, Cristina Siza Vieira, diz que a época não será pior que a do ano passado, graças à procura interna.

Face a esta realidade, o presidente da Associação de Hotelaria defendeu que é preciso aumentar a disponibilidade de verbas do Plano Reativar o Turismo e definir as regras de utilização.

“O que salvou, de facto, o turismo foi, por um lado, as moratórias e por outro, o lay-off simplificado. Queremos é que, dentro do plano Reativar o Turismo, as verbas disponíveis para recapitalizar, ou para ter garantias do adiamento do pagamento dos empréstimos antes da COVID-19 que sejam aumentados, de forma a corresponder às necessidades efetivas do setor”, afirmou Raúl Martins.

Novas tendências que vêm para ficar

Já se nota a alteração de comportamentos dos turistas: dois terços dos hoteleiros inquiridos revelaram que estimam ter uma percentagem de reservas reembolsáveis entre 60 e 100%. Ou seja, em que terá de haver reembolso caso não se concretizem. E esta é uma modalidade cada vez mais preferida pelos clientes.

Outra tendência já muito clara é a da reserva de “ultima hora”. É por isso que mais de metade dos hoteleiros que responderam ao inquérito estimam que a taxa de cancelamentos varie entre 10 e 30%.

Viajar em grupo parece que é coisa do passado. Mais de 70% dos inquiridos referiu que tem menos de 20% de reservas de grupo, dependendo assim e cada vez mais, das reservas individuais.

E da procura interna: quase 90% das respostas apontam Portugal no “Top 3” dos seus principais mercados, com a Espanha e a França atrás. O Reino Unido e a Alemanha deixaram o “top” embora continuem a ser importantes. Interessante é o peso que o mercados americanos e brasileiros vão ganhando, principalmente fora da época alta. É neles que está a esperança para este outono.

As novas tendências apontam para o maior peso do digital no setor do turismo, assim como a preocupação com a higiene e segurança ou procura de turismo de natureza e sustentável.

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