01 jul, 2021 - 20:50 • Sandra Afonso , Filipe d'Avillez
O ministro da Economia acredita que a recuperação económica em Portugal será robusta, já em 2021.
A expressão foi utilizada ontem pelo Ministro das Finanças e repetida esta quinta-feira pelo colega da Economia. Ainda assim, Pedro Siza Vieira retira o sector do turismo desta equação, o governante admite que está a ser mais afetado pela pandemia do que era esperado.
“Continuo a acreditar verdadeiramente numa retoma robusta. É verdade que estávamos a contar que este terceiro trimestre pudesse ser a continuação de um crescimento muito grande que tivemos no segundo trimestre. Provavelmente não vamos ter um contributo tão vigoroso da atividade turística e da procura externa de turistas para o crescimento no terceiro trimestre, e isso obviamente há de ter um impacto não positivo sobre o nosso crescimento.”
Para o presidente da Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, é indiferente se no segundo semestre Portugal cresce menos ou mais de 4%, como dizia ontem João Leão. Os patrões querem que a economia cresça de forma sustentada e já têm propostas para entregar ao Governo.
“Temos aqui durante estes próximos anos, até 2030, 62 mil milhões. É uma oportunidade para que o país, pensando naquilo que correu mal e naquilo em que cometemos erros nestes últimos anos, para que o crescimento tenha sido tão anémico, como é que nós coletivamente pomos o país a crescer mais do que 4%. Se vamos atingi-lo já em 2022 ou ainda em 2021, seria ótimo, agora, temos de sustentadamente manter esse crescimento, e isso exige reformas e é nisso que estamos empenhados, e ainda esta semana entregaremos este documento com uma estratégia de crescimento e competitividade, onde tentamos responder a estas questões.”
As declarações foram feitas esta quinta-feira, num debate organizado em Lisboa pelo grupo Global Media, onde o Ministro da Economia reafirmou que as moratórias não terminam sem uma solução alternativa, que em alguns casos já está a ser negociada: “Para os setores mais afetados, que não beneficiaram da continuação da atividade, vamos precisar de lhes dar mais tempo. Como é que fazemos isso? Vamos dar aos bancos e às empresas a oportunidade de discutirem em que condições podem proceder ao refinanciamento ou à reestruturação da sua dívida sobre moratória, e o Estado, para as empresas nos setores mais afetados, empresas que não estejam em incumprimento, poderem dar uma garantia sobre uma parte do crédito que está em moratória, para facilitar o esforço que os bancos terão de fazer com isso”.
Economia na pandemia
Apesar de a pandemia ainda não estar controlada, J(...)
Pedro Siza Vieira diz ainda que as novas condições do Governo deverão ser divulgadas ainda este mês.
“Aquilo que espero é que nas próximas semanas, idealmente antes do meio do mês de julho, possamos dar aos bancos e às empresas o quadro claro em que podem começar a ter estas conversas, que aliás em muitos casos já estão a ser tidas.”
“Mas acho que temos condições para ultrapassar bem isto, e esta era a nota que queria deixar. Estou profundamente convencido que a maior parte das empresas não vão ter dificuldade em enfrentar o fim das moratórias”, concluiu.
Em entrevista à Renascença e ao “Público”, o ministro da Economia já avançou quais podem ser essas medidas para apoiar as empresas no fim das moratórias, como garantias do Estado ou mesmo a entrada do Estado no capital de empresas que estejam em dificuldades, mas sejam consideradas viáveis.
No debate esteve ainda o presidente do Novo Banco, António Ramalho, que lembrou que nem todos os sectores sentiram a crise da mesma forma e mesmo dentro de cada área o impacto é diferente em cada tipo de atividade.
Como exemplo apontou a indústria têxtil ou a agricultura, onde há produções e fileiras com grande procura, enquanto outras podem estar a sentir dificuldades.