09 ago, 2021 - 07:00 • Fábio Monteiro
O pedido de insolvência da Dielmar deu entrada no Juízo de Comércio do Fundão, do Tribunal Judicial da Comarca de Castelo Branco, no passado dia 30 de julho. Dez dias depois, já há sinais que a empresa de confeção pode não vir a fechar portas a título definitivo.
À Renascença, o presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco, José Alves, adianta que já recebeu contactos de duas empresas interessadas em adquirir a Dielmar e houve também “uma manifestação de interesse” de outra entidade para “adquirir todo o material que a empresa tem, neste momento, confecionado”.
“São dois mais um, vamos chamar-lhes assim”, explica.
O autarca socialista afirma que, durante as próximas semanas, “é natural que haja mais” propostas; das que chegaram, já deu conhecimento ao Governo e ao administrador de insolvência João Francisco Baptista de Maurício, garante.
José Alves estabelece como prioridade e principal preocupação que a empresa continue a funcionar com os mesmos 300 trabalhadores. “Que esta situação que aconteceu seja um pequeno hiato na história da Dielmar, que é uma marca de prestígio, referência, a nível internacional e nacional”, afirma.
Até porque o número de interessados pode ser ainda mais elevado. Carlos Almeida, vereador do PSD em Castelo Branco, recebeu também na semana passada um contacto de um potencial investidor. “Estamos a falar de uma pessoa, que é um investidor consistente, que não está aqui apenas a criar algum mediatismo ou tentar algum protagonismo, porque ele não se revela”, conta à Renascença.
Dado que, tanto o presidente de câmara como o vereador da oposição não podem revelar a identidade dos interessados, não foi possível à Renascença aferir se estão a falar das mesmas ou de entidades diferentes.
O cenário de aquisição da Dielmar não é propriamente novidade. Na última década, sempre que a empresa passou por uma fase mais sensível, houve empresas a manifestar interesse.
A Renascença apurou que, ainda em 2017, duas empresas contactaram o município de Castelo Branco, mas a administração da Dielmar não mostrou sequer disponibilidade para ouvir as propostas. “Da parte da administração não houve vontade, porque tinham esperança que, com aquele fundo, resolviam o problema”, revelou fonte do município.
O fundo em causa foram os dois milhões e 500 mil euros que a Dielmar recebeu através do Fundo Imobiliário Especial de Apoio às Empresas (FIEAE), na época gerido pelo secretário de Estado da Indústria João Vasconcelos (que faleceu em 2019).
Segundo contas do Ministério da Economia, nos últimos dez anos, o Estado investiu com cerca de oito milhões de euros na Dielmar: cinco milhões por injeção de várias entidades públicas, três milhões em garantias de dívida.