03 set, 2021 - 08:44 • Liliana Carona
Sem horários rígidos, mas com uma certeza: à sexta-feira à tarde não fica ninguém no escritório. A engenheira civil Daniela Oliveira, de 29 anos, trabalha no gabinete de arquitetura, engenharia e fiscalização ‘Metro ao Quadrado’. Marcar trabalhos para esse dia da semana, só se for de manhã.
“Quando vim à entrevista foram-me explicados os horários e que existia esta facilidade. Tenho aproveitado. É a primeira vez que estou numa empresa com esta política e, na verdade, fazer uma viagem às 20h00 não é a mesma coisa que sair às 14h00. A liberdade vem com responsabilidade”, refere a jovem, natural da Serra da Estrela.
Mas não é só a tarde livre à sexta-feira. Nesta empresa, sedeada em Fátima, a responsável Ana Moura, 45 anos, permite liberdade de horário aos 13 trabalhadores.
“Durante a semana dar o máximo possível e, depois, sexta-feira só trabalhar quando necessário. Imposição de horário não existe... eles têm liberdade para entrar e sair à hora que pretendem. Nós fazemos um planeamento à sexta-feira e tem de ser cumprido. Se é feito às 9h00 da manhã ou à meia-noite, é como eles quiserem”, explica a CEO que há cinco anos assumiu como trabalho a tempo inteiro a gestão da empresa fundada há 15 anos.
“Quando trabalhava por conta de outrem percebi as dificuldades que tinha para que o meu chefe entendesse que também temos de ter vida pessoal. Os meus três filhos sentiam que eu tinha uma vida muito difícil e exaustiva”, justifica Ana Moura, observando que “as sextas-feiras se tornaram mais leves, não só porque saímos às 13h00, mas a própria manhã torna-se muito mais tranquila. Andamos numa azáfama entre segunda e quinta-feira, mas depois às sextas andamos descontraídos e risonhos”, nota, acrescentando que “desde há cinco anos, duplicam todos os anos o número de pessoas no escritório”.
E os trabalhadores? “Vai ter de perguntar a eles, mas andam todos mais felizes. Sinto que quando faço a entrevista de emprego e digo que sextas à tarde não se trabalha, há algum brilho nos olhos”, conta Ana Moura.
“Sinto que nos tornámos todos uma família. Vestem todos muito a camisola”, conclui.
Mais do que feliz, Daniel Pires, 28 anos, engenheiro civil, sente-se mais relaxado. “É uma ideia boa, podemos ir mais cedo de fim de semana, mais descansados. Se quiser tratar de alguns assuntos - na generalidade dos empregos - não podemos ir e com a sexta à tarde podemos aproveitar, para uma consulta, por exemplo” valoriza o engenheiro, destacando que a tarde de sexta também pode ser de convívio.
“Acho que os colegas estão satisfeitos com esta situação, vamos beber uma cerveja a seguir. Não conheço mais empresas nesta área que deem a sexta à tarde”, remata.
Rui Reis, de 38 anos, pode passar mais tempo com o filho de dois anos. “Temos este tempo à sexta à tarde, vamos almoçar fora, aproveitar o tempo livre para nós, para o garoto”, descreve.
Já Andreia Silva, 31 anos, prefere “descansar e tratar dos assuntos pessoais”. Enquanto Inês Santo, 27 anos, garante que regressa com “vontade de fazer mais na segunda-feira”.
A ideia é manter o salário e promover maior empenh(...)