12 out, 2021 - 18:45 • Sandra Afonso
As famílias vão poupar até 195 euros com os novos escalões de IRS, segundo as contas do Governo, mas há casos específicos em que esse valor pode ser mais elevado.
O executivo criou mais dois escalões de IRS. Um divide ao meio o atual terceiro escalão e desce a taxa da primeira metade para 26,5%. No sexto escalão, a primeira metade fica com uma taxa de 43,5%.
A consultora EY submeteu estas alterações a diferentes cenários, para perceber quem beneficia afinal com os novos escalões e quanto pode poupar.
Vários contribuintes conseguem poupar mais de 400 euros no IRS com a proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano, segundo estas simulações.
Estão neste grupo vários trabalhadores com rendimentos mais elevados. Por exemplo, um casado, sem filhos e com um rendimento mensal de 10 mil euros, vai pagar menos 400 euros de IRS.
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Mas o que explica, afinal, esta redução no imposto? “As nossas taxas são progressivas, mas como esta pessoa em concreta teria um rendimento mais elevado mas era o único titular, como para determinar a taxa nos casais nós dividimos o rendimento por dois, é a razão pela qual este agregado familiar acaba por ser daqueles em que a variação no rendimento líquido anual é mais elevada”, refere Anabela Silva, fiscalista da EY.
Podemos dizer que quanto maior o rendimento, maior a redução no IRS? Nem sempre, há vários fatores que contribuem para a poupança acumulada, como os titulares ou os rendimentos.
No terceiro escalão, por exemplo, um dos que foi dividido ao meio, há contribuintes que vão pagar menos 40 ou 50 euros no IRS, enquanto outros conseguem poupanças de cerca de 200 euros.
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“Nem sequer é possível dizer linearmente que quanto maior é o rendimento, maior a poupança. Depende do rendimento, depende se é o único titular ou se há dois titulares. Depende também, às vezes, se está mais ou menos próximo do escalão de rendimentos que foi alterado”, sublinha Anabela Silva.
Com o desdobramento dos escalões de IRS, também há contribuintes para quem nada muda e mantêm a mesma tributação.
Nos dois primeiros escalões não há praticamente alterações, apenas uma variação de poucos euros nos limites.
Na prática, se o contribuinte não mudar de escalão, não vai poupar no IRS, mas também não paga mais. Mas também pode mudar de escalão, com um aumento salarial, por exemplo.
Ainda falta conhecer as novas tabelas de retenção de IRS, que eventualmente podem mudar estas contas.
O ministro das Finanças disse esta terça-feira que o Governo quer fazer refletir já nas tabelas de retenção a descida do IRS, mas tudo depende do que for apresentado.
“Se as tabelas não forem atualizadas ou não refletirem, em toda a sua plenitude, este desdobramento e estas alterações, o que pode acontecer é que o rendimento líquido mensal não reflita esse alívio e só em 2023, quando os contribuintes submeterem a declaração de IRS, é que eles efetivamente vão receber a diferença do imposto”, indica Anabela Silva, da consultora EY.