14 out, 2021 - 14:35 • Lusa
O presidente do CDS-PP anunciou esta quinta-feira que o partido vai votar contra o Orçamento do Estado para o próximo ano (OE2022) na generalidade, considerando que a proposta “confirma, insiste e persiste no caminho de empobrecimento” do país.
Em conferência de imprensa na sede nacional do partido, em Lisboa, Francisco Rodrigues dos Santos confirmou a previsão de sentido de voto transmitida na terça-feira pela deputada Cecília Meireles.
Apontando que “os portugueses têm de saber que há alternativa ao caminho seguido pela esquerda”, o líder centrista afirmou que, “em nome dessa alternativa, que o CDS-PP votará contra este orçamento, que é uma autêntica bazuca de impostos sobre os portugueses”.
"A proposta de Orçamento do Estado apresentada pelo Governo para 2022 confirma, insiste e persiste no caminho de empobrecimento que a esquerda quer condenar Portugal", criticou, afirmando que "a receita é conhecida e é a mesma de sempre, aumentar impostos, expor as famílias à pobreza e à dependência do Estado e perseguir a iniciativa privada e impedir a criação de riqueza".
Rodrigues dos Santos lamentou que, numa fase “particularmente débil” e em que se “exigiram enormes esforços às famílias e às empresas, o Governo prepara-se arrecadar mais 3,1 mil milhões de euros em impostos, contribuições e multas do que em 2021” e criticou que “o IRS, em vez de ser simplificado, aumenta o número de escalões, tornando Portugal o campeão da Europa na distinção entre muito, muito pobres, muito pobres, pobres e remediados, e chega a tributar a uma vergonhosa taxa de 48% as famílias cujos salários brutos rondam os 2600€ por mês”.
O presidente democrata-cristão frisou igualmente que "os setores mais atingidos pela pandemia continuarão abandonados e à sua sorte", apontando que “as empresas vão pagar mais impostos e não existem medidas eficazes de estímulo à sua recuperação, a criação de emprego não é incentivada, as tesourarias não são aliviadas, o investimento não é acarinhado, as taxas e as e as taxinhas aumentam em mais de 150 milhões de euros”.
E lamentou ainda que “a fatura da eletricidade não vai descer”, assim como os impostos sobre os combustíveis.
Na sua ótica do presidente do CDS-PP, este orçamento também “não introduz as reformas estruturais necessárias ao progresso social e económico de Portugal” e, no panorama internacional, “Portugal só lidera na dívida pública”.
Considerando também que o OE2022 "mantém o peso do Estado na economia e desincentiva a iniciativa privada", o presidente do CDS-PP afirmou que os fundos do PRR serão desperdiçados “em investimento público errado, distante das prioridades nacionais”, constituindo um “atirar dinheiro para cima dos problemas, agudizando-os e sem resolver nenhum”.
"Os portugueses têm de saber que ser pobre não é uma inevitabilidade, têm de acreditar que o trabalho e o esforço devem compensar e contar no país, que a educação e a mão de obra qualificada são o único passaporte para ascender na vida", defendeu Francisco Rodrigues dos Santos.
O presidente CDS-PP anunciou ainda que o partido vai apresentar propostas de alteração ao OE2022 caso o documento apresentado pelo Governo siga para o debate na especialidade, entre as quais a diminuição dos escalões de IRS, descida do IRC para 19% e dos impostos da eletricidade e combustíveis, o fim dos pagamentos por conta, ou a criação de um "cheque-ensino" para os estudantes escolherem a escola, de um "vale-farmácia" que ajude os idosos na compra de medicamentos e de uma "via verde saúde" para que os portuguesas possam ser assistidos no setor privado e social.
Questionado se já articulou essas propostas com os deputados, Rodrigues dos Santos salientou que a orientação política "cabe à direção do partido" e que o Grupo Parlamentar é "um instrumento que está ao serviço do partido para traduzir a visão e a estratégia da direção que foi eleita em congresso".
"E, naturalmente, as propostas que a direção entender apresentar em sede de discussão do Orçamento do Estado serão transmitidas ao Grupo Parlamentar, porque de resto é lá que é o palco, a Assembleia da República, para elas poderem ser debatidas e votadas", acrescentou.
FM // SF
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