22 out, 2021 - 14:48 • Redação
Nas empresas portuguesas, apenas um terço dos gestores tem formação superior. Esta é uma das conclusões de um estudo, dado a conhecer esta sexta-feira, realizado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, "Do made in ao created in – Um novo paradigma para a economia portuguesa."
“Apesar do progresso recente, os administradores das empresas portuguesas têm ainda um nível baixo de instrução formal”, afirma o estudo assinado por um grupo de académicos, coordenado por Fernando Alexandre, professor da Universidade do Minho, que defende a redução da carga fiscal sobre as empresas através da eliminação da derrama estadual e a revisão dos processos de nomeação para as entidades reguladoras.
“Em 2018, apenas um terço de todas as empresas tinham um administrador com escolaridade ao nível do ensino universitário”, pode ler-se no texto do estudo.
Se se retirar da equação as microempresas e olharmos somente para as PME, esta proporção sobe aos 45%. No entanto, o problema continua a ser grave na ótica dos autores.
Os académicos referem que as qualificações académicas de quem gere a empresa têm uma correlação direta com a produtividade e com os resultados da gestão.
A Fundação Francisco Manuel dos Santos publica um (...)
“É bem sabido que o capital humano dos administradores, se medido como a proporção dos administradores com formação superior, está forte e positivamente correlacionado com os resultados de gestão. As equipas de gestão com, pelo menos, um administrador com formação superior são mais produtivas” e, por isso mesmo, “os baixos níveis de escolaridade das equipas de gestão prejudicam a sua produtividade”.
A equipa de investigadores liderados por Fernando Alexandre escreve ainda que “as equipas de gestão com, pelo menos, um administrador com formação superior, são mais produtivas (em cerca de 1%)”.
Na construção, essa correlação é de cerca de 3%, sublinham.
É ainda descrito que quanto maior for a proporção de gestores com formação superior dos gestores mais probabilidade existe de se tornarem exportadores ou de se colocarem no topo da distribuição da produtividade no seu sector.
“Esta correlação positiva é estatisticamente significativa para toda a economia no seu conjunto e para os sectores das indústrias transformadoras, da saúde, da hotelaria e da restauração”, anotam. Tal significa que sectores importantes da economia portuguesa tendem a mostrar-se mais produtivos e mais capazes de ajudar as exportações quando têm gestores com formação superior.