01 nov, 2021 - 19:53 • Daniela Espírito Santo
Frances Haugen, a denunciante do Facebook responsável por uma série de revelações sobre aquela rede social, encerrou o primeiro dia de Web Summit 2021. No palco principal, no Altice Arena, confirmou o que a levou a tomar essa decisão. "Apesar do medo que tinha, tinha de fazer isto".
"Pensei: não posso esperar mais... e saí", confessa, garantindo que "nunca pensou em denunciar", porque não "gosta de atenção", mas acabou por sentir que tinha de o fazer.
Na edição deste ano, a situação que se vive no Facebook é um dos temas em destaque da Web Summit.
"Tive muito medo antes de abandonar o Facebook mas, assim que o fiz, genuinamente acreditei que há milhões de vidas em jogo" e que, perante esse cenário, o medo lhe pareceu trivial.
"Todos os seres humanos merecem a dignidade de saber a verdade", defendeu.
Frances Haugen, de 37 anos, trabalhou como gerente(...)
Esta é a quarta rede social onde trabalhou e, para ela, é claro que as coisas são muito diferentes no Facebook em relação às restantes empresas.
"O Google e o Twitter são mais transparentes", garante, dando um simples exemplo: "Percebi muito cedo que precisamos de ter organizações saudáveis. No Twitter, a equipa que decide o que é seguro na plataforma não é a mesma que garante que os políticos estão felizes". Tal cenário não se replica no Facebook, onde ambas as equipas respondem ao mesmo "chefe".
Quanto a Mark Zuckerberg, líder do Facebook, Frances admite que "o Facebook seria melhor com alguém que se focasse na segurança".
Apesar disso, admite ter fé que a rede social possa mudar. "Ele tem um sonho bonito e é muito humano focarmo-nos no positivo. Cometer erros não faz dele má pessoa, mas não pode continuar a cometer os mesmos erros", salienta.
“Estamos cientes de que algumas pessoas estão a te(...)
Sobre as novidades da plataforma, que recentemente anunciou uma nova identidade − Meta− Frances diz haver um "meta-problema no Facebook": a rede social "escolhe sempre a expansão" em vez de focar as energias em resolver os problemas "mais básicos".
Por isso, incentiva o Facebook a investir na segurança. "O que sempre tentei repetir [no Facebook] é que há maneiras de tranformar a plataforma num espaço mais seguro, mais pequeno. A questão é: a quem damos mais voz?", questiona.
Mas... será que o Facebook ainda pode ser salvo? "Acredito na capacidade de mudança. Quero saber como será o Facebook daqui a cinco anos", remata.
Na abertura da Web Summit de 2021 estiveram em destaque as intervenções do Presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, e o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira.