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Web Summit. O jornalismo tem um preço?

02 nov, 2021 - 12:20 • Daniela Espírito Santo

No palco Fourth Estate discutiu-se o crescimento do acesso pago no jornalismo e de que forma o mesmo pode financiar a investigação.

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Uma das eternas dúvidas do jornalismo reveste-se de novas camadas na era digital: como sustentar a informação, sem perder a qualidade e sem recorrer a subterfúgios (como o "clickbait")? Um dos painéis desta terça-feira da Web Summit pretendeu responder a essa questão discutindo modelos de media digital "premium" e garantindo que "sim", o bom jornalismo tem um preço e podem ser os leitores a pagá-lo.

ALex Kantrowitz, fundador da Big Technology, saiu do Buzzfeed para "vender" newsletters e não se arrepende. Aliás, diz que "o negócio está saudável" e faz mais dinheiro do que fazia anteriormente. Sabe que a sua newsletter é muito específica: escreve sobre tecnologia para os grandes patrões de Silicon Valley e tem os maiores "nomes" da indústria na sua "mailing list" (e, claro, há quem queira pagar para aparecer regularmente na sua caixa do correio), mas acredita que o modelo de distribuição é o segredo do negócio.

Já Nicholas Carlson, editor da Insider, defende que o caminho passa por "múltiplas fontes de rendimento", entre subscrições, mas também publicidade e parcerias estratégicas. Mas, sobretudo, o que interessa é encontrar o ponto perfeito entre "o que se quer dizer e o que a audiência quer".

"Não queres só fazer o que queres, se não escreves um diário. Mas também não podes fazer só o que a audiência quer, tens de encontrar um meio termo", admite, seja ele no jornalismo de consumo livre ou pago.

Seja qual for o jogo, no entanto, Alex defende que o que interessa é encontrar um modelo sustentável, não números astronómicos e, muitas vezes, inalcançáveis. "Temos uma obsessão pouco saudável com crescimento. O que é importante é a sustentabilidade, sem atalhos. Para mim, o que mais me interessa é ter gente nova a abrir a minha newsletter. Mesmo que só tenha dez pessoas novas a abrir a minha newsletter todas as semanas, isso para mim é o mais importante, pois precisas de garantir um crescimento sustentável", vaticina.

Mas será que quem lê está disposto a pagar? Pelo menos lá fora já assim é. "Os leitores transformam-se nos clientes diretos. Pedimos-lhe para investirem em nós. E eles sabem que, quanto mais pagarem, melhor será o produto", diz Alex Kantrowitz.

Nicholas concorda e atira: o aumento dos sites de media com acesso pago "é uma oportunidade para os jornalistas investigarem os assuntos que as pessoas realmente querem. O incentivo económico para investigar está lá", acredita, pois, se o utilizador quiser realmente conhecer melhor, há de pagar.

"É o teste perfeito. Se fornecermos valor acrescentado, as pessoas vão continuar a subscrever. Se não, é sinal que temos de mudar alguma coisa", remata.

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