04 nov, 2021 - 18:02 • Lusa
A Autoridade da Concorrência (AdC) acusou quatro das principais cadeias de supermercado e um fornecedor de produtos alimentares, cuidado da casa e cuidado pessoal, de alinharem preços nos supermercados durante mais de uma década, até 2017, prejudicando o consumidor.
Em comunicado divulgado, sem especificar nomes dos acusados, a AdC adianta ter adotado na terça-feira a nota de ilicitude, que não determina o resultado final da investigação porque vai ser ainda dada oportunidade aos visados de exercer os seus direitos de audição e defesa.
A acusação, em resultado de uma investigação que revelou indícios de "quatro das principais cadeias de supermercados presentes em Portugal" utilizarem durante anos o relacionamento comercial, "com um dos mais importantes fornecedores de produtos alimentares, cuidado da casa e cuidado pessoal", para alinharem os preços de venda ao público (PVP) dos principais produtos deste último, em prejuízo dos consumidores.
Empresas envolvidas "numa conspiração equivalente (...)
"Os comportamentos investigados duraram vários anos, tendo-se desenvolvido entre 2006 e 2017", lê-se no documento, considerando a AdC que, a confirmar-se, a conduta em causa é muito grave, tratando-se de uma prática designada na terminologia de concorrência por 'hub-and-spoke'.
Através dessa prática, as cadeias de distribuição, não comunicando diretamente entre si, como acontece em situações de cartel, recorrem a contactos bilaterais com o fornecedor para garantir, através deste, que todos praticam o mesmo PVP [Preço de Venda ao Público] no mercado retalhista.
"Esta é uma prática que prejudica os consumidores, privando-os da opção de escolha pelo preço dos produtos que compram na grande distribuição", alerta o regulador.
A acusação integra um conjunto de casos de 'hub-and-spoke' investigados pela AdC na sequência de buscas em 2017, acrescendo aos oito processos em relação aos quais a AdC adotou notas de ilicitude e aos três em que adotou decisões finais condenatórias.