19 nov, 2021 - 11:10 • João Carlos Malta
O poder de compra da remuneração média líquida dos trabalhadores da Administração Pública em 2021, é inferior em 10,3% ao de 2010, escreve no blogue pessoal, esta sexta-feira o economista Eugénio Rosa. O especialista fez a comparação salarial na última década, através dos dados oficiais, e as conclusões mostram uma perda generalizada de capacidade económica dos trabalhadores do Estado.
Mas há profissões que perderam bem mais do que a média, na última década. Entre as funções cujo valor do salário mais baixou está o pessoal de inspeção, com menos 34,2%. Segue-se a carreira de investigador que caiu 32,6%. Ou seja, em 11 anos os seus salários valem menos um terço.
Das 48 categorias profissionais elencadas no estudo do economista apenas uma viu o seu poder de compra a aumentar. Trata-se dos assistentes operacionais, auxiliares, e operários. Mas é importante referir que estes são os trabalhadores que menos ganham dentro do setor público
O economista Eugénio Rosa, que recentemente se candidatou à administração do Associação Mutualista Montepio Geral, lembra que a Direção Geral Administração e do Emprego Público acabou de publicar a “Síntese Estatística do Emprego Público” referente ao 3º Trimestre de 2021, e que foi com base nesses dados oficiais que calculou a variação do poder de compra das remunerações base mensais líquidas das várias categorias de trabalhadores das Administrações Públicas.
Nos últimos 12 anos, apenas em 2020 houve aumentos(...)
"Penso que era necessário fazer este trabalho porque o governo e os sindicatos estão a negociar as remunerações destes trabalhadores para 2022, e dar a conhecer a sua verdadeira situação e a forma como têm sido tratados pelos sucessivos governos, apesar de garantirem serviços essenciais à população, é muito importante", escreve o também consultor da CGTP.
O pessoal aduaneiro é a segunda categoria que mais perdeu capacidade aquisitiva (25,4%). Seguem os dirigentes superiores com menos 21,4%. O professor universitário viu o poder de compra reduzir-se em mais de 20%, tal como os agentes do SEF.
Eugénio Rosa escreve ainda que como mostram os dados oficiais, em julho de 2021, o poder da remuneração base média mensal liquida (após os descontos) de todos os trabalhadores da Função Pública (952 euros a preços de 2010) era inferior à remuneração base média mensal liquida de 2010 (1061,8€) ainda em 10,3%.
A quebra no poder destes 720.000 trabalhadores varia de categoria profissional para categoria profissional. Nos médicos a redução atinge 17,2%, nas forças de segurança a perda foi entre 8% na Polícia Judiciária e 11% na PSP.
Os salários dos magistrados, por sua vez, valem menos 12,6%.
O economista conclui que mesmo após o início da covid-19, as remunerações ilíquidas (brutas) médias mensais, portanto antes de quaisquer descontos, mantiveram-se mais ou menos as mesmas com mostram os dados oficiais, "pois os aumentos registados foram irrisórios". "A subida prometida de 0,9% em 2022, não dá para recuperar qualquer parcela do poder de compra perdido entre 2010 e 2021", remata.
Em causa está uma cláusula de salvaguarda apresent(...)