04 dez, 2021 - 08:10 • Sandra Afonso
O secretário de Estado adjunto e da Energia, João Galamba, não se compromete com valores nem fixa metas, mas garante que Portugal está bem posicionado na corrida por preços baixos na energia.
O caminho passa pelos novos projetos que estão a caminho para descarbonizar a economia, defende João Galamba em entrevista à Renascença.
Quase metade do total de nove mil milhões de euros de investimento projetado no âmbito das candidaturas às Agendas Mobilizadoras e Agendas Verdes para a Inovação Empresarial são para gastar nas áreas da energia, hidrogénio e lítio.
O secretário de Estado da Energia rejeita que haja aqui algum tipo de desequilíbrio e acrescenta que, “quanto mais rápido for a descarbonização e libertação das renováveis, mais rápido nos libertamos dos preços altos”.
Quando podemos contar com preços mais baixos? É a grande incógnita. João Galamba não faz prognósticos, mas lembra que este ano “já conseguimos que no meio da maior tempestade energética que o mundo assistiu nos últimos 50 anos, e com preços a subir 20% ou mais em Espanha, Portugal não só não tenha tido nenhuma subida da eletricidade em 2021, como se prepare para não ter, ou marginal, em 2022”. Para o próximo ano promete mesmo “excelentes notícias para os consumidores domésticos e industriais”.
O governante dá como exemplo o que está a ser feito na energia solar, onde os últimos leilões realizados já garantiram vantagens nos preços para o consumidor final.
“No desenho do leilão [solar] de 2019 e 2020 os principais beneficiados são os consumidores. Dando apenas como exemplo o primeiro leilão, a tarifa média de venda é de 20 euros por megawatt/hora, nós neste momento no mercado temos acima de 200 euros por megawatt/hora, a diferença entre esses dois preços reverte integral e automaticamente para o bolso dos consumidores”, explica João Galamba.
Depois de encerrar a refinaria de Matosinhos, a Galp aposta agora em Sines, onde lidera um consórcio de empresas que querem investir quase mil milhões de euros no lítio. O objetivo é garantir toda a cadeia de valor das baterias: “extração, refinação, produção de cátodo, células, assemblagem de baterias e reciclagem de baterias”.
Um projeto em linha com os próprios objetivos do Governo. João Galamba fala em “grande satisfação” com as candidaturas entregues. O secretário de Estado assegura que a tutela “tudo fará para que Sines tenha um enquadramento legislativo e regulatório que lhe permita desenvolver esses projetos”.
O diploma aprovado esta semana em Conselho de Ministros, sobre o Setor Elétrico Nacional, era o passo que faltava para garantir a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Com este diploma, passa a estar reunida toda a legislação da área da energia, tendo em conta a meta da descarbonização até 2030.
Portugal tem todas as condições para garantir o abastecimento do país em energia limpa e tem todas as condições de acelerar e fazê-lo mais rápido”, diz João Galamba nesta entrevista à Renascença.
O secretário de Estado recorda ainda que o próprio regulador, a ERSE, admitiu recentemente que “com a dinâmica atual e as licenças já atribuídas Portugal poderá antecipar em cinco anos as metas para 2030”. O país está com “uma enorme dinâmica ao nível das renováveis – solar, eólico, eólico/offshore”, sublinha.
Esta semana, a Agência Internacional de Energia reviu em alta as projeções para a produção das energias renováveis, mas alertou que ainda não chega. João Galamba não se revê neste reparo. “Não se aplica seguramente ao nosso país, Portugal está em claro contraciclo e é um bom exemplo ao nível mundial”, conclui.