14 dez, 2021 - 23:59 • Lusa
A greve parcial dos trabalhadores da Efacec prevista para quinta-feira foi suspensa na sequência da concretização do financiamento de 45 milhões de euros à empresa, avançou esta terça-feira à agência Lusa fonte sindical.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (Site-Norte), “após saberem da intenção do Estado” de viabilizar a injeção de 45 milhões de euros na Efacec, “os trabalhadores entenderam suspender a greve do dia 16 de dezembro e realizar, nesse dia, plenários em que se discutirá o que irão fazer no futuro”.
Numa nota enviada à Lusa, a direção do sindicato salienta que “esta nova injeção de capital tem de ser devidamente fiscalizada” e que “os trabalhadores têm a expectativa de que o dinheiro, tal como foi dito pelo ministro da Economia, seja realmente para comprar matérias-primas e colocar a fábrica a laborar”.
Garantindo que “estará atento ao destino” deste financiamento, o Site-Norte avisa que “novas formas de luta serão marcadas no caso de o dinheiro não ser utilizado para a compra de matérias-primas”.
“Nesse sentido", avança, "irá pedir reuniões à Parpública e à administração da Efacec e reiterar esses pedidos aos ministérios competentes”.
O sindicato lembra ainda que continuam “em aberto” as reivindicações dos trabalhadores quanto à não reprivatização da empresa e à demissão da atual administração, relativamente às quais “também exigem respostas e ação do Estado”.
A Efacec recebeu esta semana um novo financiamento bancário com garantia pública, de 45 milhões de euros, que o ministro da Economia tinha avançado na passada quinta-feira que devia “estar a chegar”, confirmou à hoje Lusa fonte oficial da empresa.
Garantido pelo Banco de Fomento, o empréstimo foi obtido junto de um sindicato bancário constituído pela CGD, Novo Banco, Millennium BCP e Montepio e visa permitir à empresa manter a operação até conclusão do processo de reprivatização, no âmbito do qual prosseguem as negociações com o único candidato ainda na corrida, o grupo português DST.
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Esta seria a quarta greve parcial, em pouco mais de um mês, cumprida pelos trabalhadores da Efacec, que reclamam a intervenção do Estado na empresa para garantir a normal laboração da unidade, que dizem que tem estado “parada” nos últimos meses “devido à falta de matéria-prima, em consequência da falta de pagamento a fornecedores”.
Nas três greves realizadas até agora – em 10 e 30 de novembro e em 09 de dezembro - os trabalhadores pararam entre as 14h00 e a 16h00 para exigir ao Governo que, “enquanto dono da empresa”, garanta a compra das matérias-primas necessárias à normal laboração.
Reclamam ainda que o Estado se mantenha no capital da Efacec e que a atual administração seja demitida.
Numa declaração enviada à Lusa no dia da última greve, a 09 de dezembro, fonte oficial da Efacec afirmou que “não entende as motivações” da greve, nem “se revê nas acusações de que é alvo, nomeadamente de estar inativa”.
“Uma empresa parada não conquista clientes, não é distinguida com prémios, não é escolhida por centenas de empresas para ser parceira na candidatura a cinco projetos altamente estruturantes para o futuro do país, não investe na criação de uma nova estrutura organizacional, para se tornar mais eficiente, não alcança receitas superiores a centenas de milhões de euros”, sustentou na altura.
Convictos de que “foi também a luta dos trabalhadores que pressionou o Estado a injetar mais 45 milhões de euros na Efacec”, os trabalhadores salientam que, com as greves realizadas, alertaram para “o facto de o Estado e o Governo manterem a liderar a administração os mesmos que no passado despediram e perseguiram trabalhadores, que criam cargos de direção e dão aumentos aos ‘amigos’”, mas não aos trabalhadores”.
Destacam ainda que, com as paralisações, “deram a conhecer as suas preocupações com o destino dos 70 milhões de euros que foram injetados na Efacec” em 2020, com garantia do Estado.
O Governo pretende que o processo de reprivatização dos 71,73% do capital social da Efacec atualmente nas mãos do Estado esteja concluído até ao final do ano, sendo que o grupo português DST SGPS foi o único a apresentar uma proposta final de compra, segundo anunciou recentemente a Parpública.
A entrada do Estado na Efacec decorreu da saída de Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos, da esfera acionista, na sequência do envolvimento no caso "Luanda Leaks", no qual o Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação revelou mais de 715 mil ficheiros que detalham alegados esquemas financeiros da empresária.