21 dez, 2021 - 19:42 • Lusa
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O presidente da Associação de Discotecas Nacional, José Gouveia, acusou hoje o Governo de estar a abrir caminho para o aumento de contágios em festas ilegais, ao obrigar ao encerramento das discotecas na altura do fim de ano.
"Mais uma vez, o Governo segue ao sabor do vento e deixa para trás um rasto de destruição nunca visto, tomando medidas sem consultar o setor", afirmou José Gouveia à agência Lusa, após o anúncio da antecipação do encerramento de discotecas e bares para o dia 25, no âmbito das novas medidas para conter a propagação da covid-19.
Para o presidente da Associação de Discotecas Nacional (ADN), está em risco a recuperação de discotecas e bares, que fizeram "investimentos de milhares de euros", assumindo "despesas de testagem, de técnicos de saúde para que os seus clientes pudesse ter acesso" a estes espaços, e que agora são obrigados a encerrar.
O porta-voz do setor critica ainda que a medida tenha sido anunciada "em cima do acontecimento", quando "já estão compras feitas, quando já há contratações feitas e já com bilhetes vendidos", acrescentando não ter dúvidas de que "haverá eventos de passagem de ano".
"Abriu neste momento a caça às festas ilegais", sublinhou José Gouveia, alertando que nessas festas, ao contrário do que acontecia nas discotecas, "não haverá qualquer controle de entrada, nem verificação de controles de testagem".
Do ponto de vista do empresário, a medida anunciada hoje pelo primeiro-ministro, António Costa, vai "abrir espaço, exatamente como aconteceu no ano passado, para um aumento dos contágios por via das festas ilegais e dos ajuntamentos ilegais, sem qualquer tipo de controle".
O encerramento destes espaços de diversão noturna no território continental estava já previsto para a denominada "semana de contenção de contactos", definida pelo Governo para o período entre 02 e 09 de janeiro de 2022, após o Natal e a passagem do ano.
António Costa referiu hoje que os estabelecimentos, que viram a medida antecipada para as 00:00 de dia 25, terão neste período apoios no âmbito do "lay-off" simplificado e do programa Apoiar, para ajudar a suportar os seus custos fixos.
Apoios que, no entanto, não convencem o setor e que José Gouveia considera não terem sido explicados pelo Governo, que continua "a falar de situações abstratas" em vez que explicar às empresas quais as compensações que irão receber.
"Não podemos voltar à equação de quebras de faturação de 2019 para 2020, porque temos empresas que abriram em 2019, empresas que abriram em 2020 e empresas que abriram em 2021", disse o presidente da ADN, alertando para a necessidade de que "todas as empresas sejam efetivamente apoiadas", tendo em conta os seus custos e "aquilo que não conseguiram recuperar", uma vez que "o mês de dezembro corresponde a um terço da faturação".
A obrigatoriedade de encerramento das discotecas, em vigor a partir das 00:00 de sábado, foi anunciada em conferência de imprensa pelo primeiro-ministro, António Costa, em Lisboa, após um Conselho de Ministros extraordinário em que foi deliberado antecipar também medidas como a obrigatoriedade do teletrabalho, devido ao aumento do número de casos de covid-19.
Atualmente, os bares e discotecas - que reabriram em outubro pela primeira vez desde o início da pandemia de covid-19 em Portugal, após 19 meses parados -- são acessíveis apenas com a apresentação de teste negativo (antigénio ou PCR) ou de certificado de recuperação, mesmo para pessoas vacinadas contra o SARS-CoV-2.
Os clientes não têm de usar máscara nestes espaços, ao contrário dos trabalhadores, segundo a Direção-Geral da Saúde.