22 dez, 2021 - 12:56 • Maria João Costa
O Governo decretou, como uma das novas medidas para evitar a expansão do número de casos de Covid-19, a proibição da muito procurada época de saldos depois do Natal.
As lojas ficam, assim, impedidas de realizar saldos entre 25 de dezembro e 9 de janeiro. No comunicado do Conselho de Ministros de terça-feira pode ler-se que, “entre os dias 25 de dezembro de 2021 e 9 de janeiro de 2022, são proibidas, em estabelecimento, práticas comerciais com redução de preço”.
O Governo decidiu também alargar o período de devoluções e trocas até ao final de janeiro. Explica o comunicado que “o prazo para o exercício de direitos atribuídos ao consumidor, que termine entre os dias 26 de dezembro e 9 de janeiro, ou nos dez dias posteriores àquele período, é prorrogado até 31 de janeiro de 2022".
Nas reações ouvidas nesta quarta-feira pela Renascença, os comerciantes mostram-se apreensivos. Numa altura em que o Governo determinou também, a partir de 25 de dezembro, que todos as lojas passem a ter um limite máximo de uma pessoa por cinco metros quadrados, os comerciantes levantam diversas questões.
Enquanto se aguarda que a resolução de Conselho de Ministros possa vir a esclarecer melhor os detalhes das novas medidas, a Associação Portuguesa de Centros Comerciais (APCC) questiona sobre os saldos no comércio digital.
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Em entrevista à Renascença, o presidente da APCC, Rodrigo Moita de Deus, começa por dizer que “é uma medida que faz sentido como estratégia para controlar a pandemia e evitar ajuntamentos”. Na sua opinião, faz sentido “distanciar as pessoas no tempo e no espaço”.
Contudo, mostra-se preocupado com o “como é que esta medida vai ser implementada no comércio eletrónico, que é cada vez mais representativo”. O presidente da APCC interroga-se se não estará “a ser criada uma concorrência desleal entre os comerciantes com espaços físicos e aqueles que fazem comércio pelo online”. Moita de Deus conclui que, “em tese, podem fazer os seus saldos e as suas promoções”.
Também ouvida pela Renascença, a Associação dos Comerciantes do Porto compreende o apertar das medidas decretado pelo Governo. O seu presidente, Joel Azevedo, refere que “não se pronunciam sobre medidas de saúde pública. Isso cabe aos especialistas”, no entanto, este representante dos comerciantes da cidade Invicta alerta que “estas medidas de contenção do normal funcionamento têm de vir com medidas de compensação financeira”.
Joel Azevedo pede apoios para as empresas fazerem face “às dificuldades que grande parte do comércio está a enfrentar, dadas as diferentes privações que tem tido no seu normal funcionamento”.
Este representante dos comerciantes do Porto destaca a importância da época de saldos para as lojas. “É uma época muito importante para expedir os stocks que estão acumulados. Adiar esse processo, é adiar o início da nova época que queríamos que fosse já o mais normal possível.”
Joel Azevedo fala em “transtornos financeiros para o comércio” que espera possam vir a ser “compensados por medidas de apoio” a um setor já de se muito atingido pelos efeitos colaterais da pandemia de Covid-19.
Portugal vai estar num período de contenção até, pelo menos, 9 janeiro. É desta forma que o Governo tenta impedir o alastrar de casos de Covid-19, sobretudo devido à disseminação da variante Ómicron, que se tem revelado mais transmissível e que será, segundo as autoridades de saúde, dominante em Portugal, entre os casos positivos, até ao final do ano.
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