20 jan, 2022 - 18:07 • Pedro Mesquita , com redação
Em semanas de sucessivos recordes no número de infetados por Covid-19, há uma percentagem que surpreende, a propósito dos saldos do último fim de semana. A 18 e 19 de janeiro, as compras com cartão de débito ou crédito aumentaram 17%, por comparação com os valores de 2020, antes da pandemia.
É um crescimento assinalável, de 17%, e surpreendente porque compara com o volume de compras feitas com cartão em janeiro de 2020, antes de todas as restrições que a Covid-19 trouxe, indica à Renascença Tiago Oom, diretor da Reduniq.
Este crescimento do volume de compras realizadas com cartão foi, sobretudo, presencial de compras feitas em loja, numa altura em que Portugal bate máximos diários de casos de Covid-19.
“Há dois fatores que podem influenciar: uma mudança do consumidor e uma digitalização dos pagamentos. A grande parte das pessoas deixou de querer usar dinheiro e, por isso, há aqui um comparativo que pode não ser 100% rigoroso no sentido que eu não consigo saber qual era a faturação da loja. Eu consigo o que passou nos terminais de determinada loja. Um segundo ponto, esta variante Ómicron está a atingir números nunca antes vistos, mas por outro lado está a ser muito menos grave. As pessoas estão com menos receio de sair à rua", refere Tiago Oom, diretor da Reduniq.
Estas são as explicações possíveis para o aumento de 17% nas compras com cartão de débito ou crédito, entre 18 e 19 de janeiro.
Qual poderá ser o impacto desta corrida aos saldos no volume de infetados por Covid? É possível estabelecer algum tipo de ligação? É muito difícil de avaliar. Provavelmente existiram mais situações de risco, mas não é fácil chegar ainda a uma conclusão, diz à Renascença Gustavo Tato Borges, presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública.
“Esses dados acabam por demonstrar um aumento da presença das pessoas em locais públicos e isso pode revelar que pode ter havido aqui um aumento de situações de risco. Se bem que dentro das lojas há exigência de uso de máscara, limites à lotação e os contactos físicos acabam por ser mais reduzidos e mais protegidos. A verdade é que não se assistiu a um agravamento epidemiológico associado a esta situação no fim de semana”, argumenta Gustavo Tato Borges.