14 fev, 2022 - 17:44 • Sandra Afonso
Eventuais sanções à Rússia farão subir os preços em Portugal, diz à Renascença Nuno Cunha Rodrigues, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Mesmo não sendo energeticamente dependente da Rússia, como os países do centro da Europa, Portugal não ficará imune num quadro de sanções a Moscovo, para impedir uma invasão russa à Ucrânia.
As sanções são uma das medidas em discussão e, segundo avança à Renascença o professor Nuno Cunha Rodrigues, irão ter repercussões indiretas nos bolsos dos portugueses.
“No quadro atual, fevereiro de 2022, a produção de energia hídrica e eólica é muito residual, nós estamos constantemente a importar energia de outros países. Agora, nós não somos tão dependentes do gás natural russo como outros países, somos residualmente”, lembra. Ainda assim, não será suficiente para que Portugal evite as “consequências indiretas”.
A crescente tensão na fronteira da Ucrânia está a (...)
Nuno Cunha Rodrigues refere que Portugal exporta muitos produtos de países como a Alemanha. Por isso, um cenário de sanções à Rússia “não fará aumentar a fatura energética de forma indireta”, mas irá “gerar tendências inflacionistas que se farão repercutir nos consumidores portugueses”.
Um quadro de sanções severas será ainda pior para países como a Alemanha, que estão dependentes da energia russa. Por isso, não lhes interessa avançar por este caminho.
Este professor e investigador do Centro de Investigação de Direito Europeu, Económico, Financeiro e Fiscal (CIDEEFF) acredita que o plano diplomático será explorado até ao limite.
Nuno Cunha Rodrigues não acredita que “o quadro de sanções económicas possa ir a um ponto tal que coloque em causa esta dependência energética que temos face à Rússia e que temos que corrigir, no plano da União Europeia”.
“Se, por um lado, a União Europeia quer afirmar no plano internacional a salvaguarda da independência da Ucrânia, por outro lado, hoje os interesses económicos também são devidamente pesados nas relações internacionais”, acrescenta.
Entre este conflito está também o Nord Stream 2, o gasoduto que liga a Rússia à Alemanha, que está oficialmente concluído mas ainda não está em funcionamento.
Com este gasoduto a Alemanha evita o mar Báltico e fica energeticamente menos dependente da Europa. A União Europeia não apoia o projeto, por se afastar das metas climáticas.