03 mar, 2022 - 17:30 • Sandra Afonso , com Reuters
Com as sanções a Moscovo a pressionarem cada vez mais as empresas russas, os empresários procuram alternativas para as contas bancárias e a solução passa pelos bancos chineses.
Uma fonte de uma filial de um banco estatal chinês em Moscovo, avançou à agência Reuters que, “nos últimos dias, entre 200 a 300 empresas abordaram-nos para abrir novas contas”. Porque não está autorizado a prestar declarações, o funcionário pediu o anonimato e não quis identificar a instituição.
Não há uma quantificação desta fuga de capitais, mas a maioria das empresas que estão a mudar de conta têm negócios com a China, segundo a mesma fonte.
Em causa estão as sanções impostas pela União Europeia e outros países ocidentais à Rússia. Entre elas está a exclusão de vários bancos russos do sistema internacional de pagamentos, o Swift.
São várias as alternativas para quem procura bancos chineses a operarem em solo russo. Entre eles estão o Industrial & Commercial Bank of China, o Agricultural Bank of China, o Bank of China e o China Construction Bank.
Nenhum destes bancos comentou estas informações.
Um empresário chinês com ligações à Rússia, que também quis permanecer anónimo, explicou que “se não se pode usar dólares americanos ou euros, e os EUA e a Europa param de vender muitos produtos, não temos outra opção a não ser recorrer à China. A tendência é inevitável”, cita a Reuters.
Já há empresas a aceitarem pagamentos em yuan. É o caso do Fesco Transportacion Group, a maior empresa russa de transportes e logística, que anunciou que passa a aceitar também pagamentos em yuan dos clientes.
Se este é um passo relativamente fácil para grandes grupos, o mesmo não acontece para os mais pequenos. É o que defende Shen Muhui, líder de uma associação comercial que promove a ligação entre a Rússia e a China.
À Reuters explica que os pequenos exportadores estão a sofrer com estas medidas, muitos suspendem entregas para evitar perdas potenciais.