17 mar, 2022 - 18:26 • Sandra Afonso
Numa altura em que cresce o interesse do público, várias autoridades europeias de supervisão, entre elas a portuguesa CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) vêm alertar para os riscos associados às criptomoedas. No documento publicado esta quinta feira, sublinham a possibilidade real de perda de todo ou parte do investimento feito, avisam que os preços podem valorizar bastante mas também caem na mesma proporção e referem que existe muita publicidade enganosa neste mercado, nomeadamente através dos “influencers”.
Defendem ainda que os criptoativos são investimentos especulativos, com grande risco inerente. Não são adequados à maioria dos pequenos consumidores, nem como investimento, nem como meio de pagamento.
O comunicado conjunto, assinado pela Autoridade Bancária Europeia, a Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados e a Autoridade Europeia dos Seguros e Pensões, alerta ainda para a promoção feita a estes activos. É aconselhada cautela e atenção a “promessa de rendimentos rápidos ou elevados, especialmente nos casos em que são demasiado bons para serem verdadeiros".
Os consumidores ainda não estão protegidos neste mercado, do ponto de vista regulatório, contra fraudes, burlas, perdas de chaves ou ciberataques. Quem investe em criptoativos deve estar consciente que atravessa a corda sem rede. Há uma “ausência de direitos de recurso ou proteção à sua disposição, uma vez que os criptoativos e os produtos e serviços associados não são normalmente abrangidos pela proteção existente ao abrigo das atuais regras da UE em matéria de serviços financeiros".
Guerra na Ucrânia
A União Europeia pondera limites às transações em (...)
Os supervisores deixam uma pergunta a quem pensa comprar criptomoedas: está disposto "a correr o risco de perder todo o dinheiro que investiu" e "assumir riscos elevados para obter os resultados anunciados?”. Quem ainda saber se "compreende as características do criptoativo ou dos produtos e serviços associados".
Mas as perguntas não ficam por aqui. O consumidor/investidor deve ainda questionar se "as empresas/partes com que está a lidar são idóneas", se "as empresas/partes com que está a lidar estão incluídas na lista negra das autoridades nacionais competentes" e se "é capaz de proteger eficazmente os dispositivos que utiliza para comprar, armazenar ou transferir criptoativos, incluindo as suas chaves privadas".
Em setembro de 2020 a Comissão Europeia apresentou uma proposta legislativa para regulamentar os criptoativos, mas até que seja adotada e aplicada não protege nenhum consumidor.
Até à data, existem mais de 17 mil moedas digitais, criptomoedas ou criptoativos.
As criptomoedas têm filiação partidária? Ligada na(...)