17 mar, 2022 - 16:44 • Sandra Afonso
A presidente-executiva da Sonae garante que "não falta nada" nos armazéns do grupo. Segundo Cláudia Azevedo, não se coloca a possibilidade de racionamentos na venda de alguns produtos, na sequência da guerra na Ucrânia.
Os dois últimos anos foram uma escola, garante a empresária. Durante a pandemia “ganhámos músculo de flexibilidade e de criatividade. Perguntámos todos os dias se iam ou não faltar produtos. Conseguimos, com muito trabalho, garantir que tivéssemos sempre produtos, se não tivéssemos num sítio, íamos comprar a outro. E vamos sempre ser assim", diz Cláudia Azevedo.
Sobre as limitações em vigor na venda de óleo de girassol, importado da Ucrânia, a líder da Sonae rejeita que esteja a ser racionado nos super e hipermercados do grupo.
"Não chamaria a isso racionamento, porque nós temos muito óleo alimentar de girassol nos armazéns. O que nós e vários outros operadores não quisemos foi que, por causa de alguma notícia, as pessoas comprassem 50 garrafas, quando só precisam de duas, e, aí, poder faltar. Diria que é mais moldar a procura, porque não tem faltado", explica.
Segundo a presidente da Sonae, "nos nossos armazéns, para já, não falta nada e não antevemos que falte". Também não antecipa que esta situação com o óleo de girassol se repita com outros produtos.
São declarações durante a apresentação de resultados do grupo, momento que aproveitou para reclamar um alívio fiscal sobre a energia.
Cláudia Azevedo defende que os portugueses têm de beneficiar dos elevados níveis de produção de energia renovável no país. "Portugal é um país que tem, muitos dias, acima de 70% [da energia produzida] renovável, tem de ter esse benefício", conclui.
"Alguém vai ter de tomar algumas decisões - ou o Governo português, ou a Europa -, mas não faz sentido estar a prejudicar toda a gente para recolher mais impostos. Portanto, eu espero brevemente novidades nessa frente", afirma a líder da Sonae.
A empresária acrescenta ainda que “não faz sentido o custo de energia afetar tanto a economia portuguesa, a indústria portuguesa e os distribuidores portugueses e 50% do custo da energia ser impostos".
Este aumento da energia também afeta as contas do grupo, mas Cláudia Azevedo diz que este impacto tem vindo a ser incorporado ao longo dos anos. "As negociações com fornecedores são uma constante. Toda a cadeia de valor vai ter de absorver alguns choques e vai ter de procurar formas alternativas de melhorar. Se os preços aumentam num sítio, vamos ter de baixar noutro sítio, procurar outras formas", afirma.
A palavra de ordem é equilíbrio. Para a empresária, “os custos estão aí e não pode tudo passar para o consumidor final, nem pensar".
A Sonae não tem negócios na Ucrânia, mas tem na Rússia, que estão para já interrompidos, na sequência do conflito em curso.
Uma decisão avançada por Cláudia Azevedo à margem da apresentação dos resultados de 2021, onde marcou presença vestida com as cores da bandeira ucraniana: azul e amarelo. Ficam ainda os resultados do último ano, em que o grupo encerrou com lucros de 268 milhões.