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Açores

Sismicidade em São Jorge quase não teve impacto na produção de queijo

29 mar, 2022 - 07:35 • João Cunha

São mais do que a população, dizem. E delas depende um dos principais recursos económicos da ilha: o queijo de São Jorge. Todos os anos, as vacas produzem 29 milhões de litros de leite, que são utilizados para produzir as 2.300 toneladas anuais de queijo típico da ilha. As vacas andam estranhas, mas continuam a produzir leite.

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Canadinha Nova, na Beira, próximo de Velas, a capital do queijo. Gabriela Santos é a responsável pela produção da Uniqueijo, a União de Cooperativas Agrícolas de Lacticínios de São Jorge.

Ao contrário de outros queijos feitos a partir de leite pasteurizado ou leite filtrado, este é feito a partir de leite cru. O tempo mínimo de cura é de quatro meses, mas pode ir até aos 36.

O leite “entra em cubas onde se dá a coagulação. Depois, a coalhada é cozida e o soro é retirado. Coalhada que é de seguida colocada nas formas do queijo”, cobertas com linho branco, “que são posteriormente prensadas”. Entram de seguida numa camara de pré-cura, “de onde saem para serem cobertos com um revestimento para impedir a formação de bolores”, explica Gabriela Santos. E só depois se dá o processo de cura, que pode ir até aos 36 meses.

António Aguiar, presidente do Conselho de Administração da Uniqueijo, diz que a crise sísmica não afetou a totalidade da produção média de 250 queijos diários.

“Não está a 100%, mas está a 70 ou 80%. Bem melhor do que nos últimos dias”, explica António Aguiar, que viu a produção ser reduzida devido á crise sismo-vulcânica.


Houve poucos funcionários que saíram de Velas. “Não foram muitos, os que saíram da ilha e que não estão cá”, revela o presidente da União de Cooperativas, que diz saber que “alguns dos que saíram já regressaram”.

Para haver queijo há que haver leite. Por isso, 260 produtores entregam, duas vezes por dia, o resultado da ordenha, na Uniqueijo. Rui Bettencourt é um desses produtores. Tem mais de 200 cabeças de gado, que necessitam de atenção diária.

“Esteja a fazer sol ou mau tempo, ou nesta altura em que há tremores de terra, todos os dias temos de sair”, diz este produtor, que não se lembra a última vez que teve férias.

“Não podemos abandonar os animais, porque senão eles vão passar fome. E as vacas não podem ficar por ordenhar hoje e recomeçar daqui a uma semana”.

Por isso, duas vezes por dia, de manhã e ao fim da tarde, lá vai para os pastos onde estão as ordenhas mecânicas móveis, para recolher o leite que segue, logo depois da ordenha, para a União.

Rui só tem uma dúvida: os animais devem pressentir os sismos, porque, ou devido a isso ou talvez devido ao mau tempo do fim de semana, a sua disposição mudou. Andam estranhas, mas continuam a produzir leite.

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