08 abr, 2022 - 07:36 • Fátima Casanova
Aumentou o número de famílias com dificuldades para pagar os empréstimos, no primeiro trimestre de 2022, segundo revela a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO).
De acordo com o gabinete de proteção financeira, subiu o incumprimento para pagar as prestações do crédito pessoal e dos cartões de crédito. Já o empréstimo de casa registou uma acentuada diminuição de quebras de contrato.
Em declarações à Renascença, Natália Nunes, coordenadora do gabinete de proteção financeira da DECO, sugere que a explicação pode estar nas moratórias praticadas pela banca por causa da pandemia.
"Parece-me que ainda é resultado das medidas que nós tivemos, das moratórias, que contribuíram para que se mantivesse aqui um incumprimento relativamente baixo. Além da questão das moratórias, foi, depois, o pós-moratório e a abertura que houve por parte das instituições de crédito na renegociação de alguns créditos", sustenta.
Em 2021, as famílias em dificuldades gastaram, em (...)
No primeiro trimestre deste ano, já pediram auxílio cerca de 7.000 famílias, que em média pagam 760 euros de prestações com uma taxa de esforço de 68%, praticamente o dobro do que é recomendado. Ou seja, os gastos com créditos não devem absorver mais do que 35% do rendimento mensal.
Em média, por dia, 44 famílias pediram ajuda para reestruturar as dívidas, no primeiro trimestre deste ano. Um número que subiu face ao mesmo período de anos anteriores e que surpreende a coordenadora do Gabinete de proteção financeira. Natália Nunes diz à Renascença que estas famílias estão a passar por dificuldades por causa do aumento do custo de vida:
"Aquilo que elas nos dizem todos os dias é que estão a sentir que o dinheiro que têm já não chega para pagar a fatura do supermercado, portanto, face a este aumento do preço dos bens, acabam por nos estar a pedir ajuda no sentido de saber o que fazer para restruturar os seus créditos. Por outro lado também estão aqui a antever, até porque se tem falado já bastante sobre a possibilidade da taxa de juro do crédito da habitação vir a subir nos próximos tempos."
Em média, cada família tem cinco prestações para pagar, num total de 760 euros por mês.