27 abr, 2022 - 18:02 • Rosário Silva , Sérgio Costa , com Redação
A Rússia anunciou que vai deixar de fornecer gás, a partir desta quarta-feira, à Polónia e à Bulgária. O regime de Putin justifica esta decisão, por um lado, com o apoio dada à Ucrânia por estes dois países europeus e, por outro lado, por ter havido recusa em pagar o gás russo em rublos, de resto, uma exigência da Rússia.
A Rússia decidiu interromper o fornecimento de gás à Polónia e à Bulgária, pelo facto destes dois países europeus terem apoiado Ucrânia e decidido não ceder à exigência de Moscovo, em pagar o gás em rublos.
O anúncio foi feito pela empresa energética polaca PGNiG: “No dia 26 de abril, a Gazprom informou a PGNiG da sua intenção de suspender completamente as entregas sob o contrato Yamal no início do dia do contrato em 27 de abril”.
Citado pela agência francesa AFP, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, justificou a tomada de decisão com a implementação “de um conjunto de medidas para mudar o pagamento do nosso gás entregue a países hostis para rublos”.
Uma exigência que surge como resposta às sanções impostas pelo Ocidente à Rússia por causa da invasão da Ucrânia.
A repercussão desta sanção nos países europeus é muito diferente. A Bulgária será, dos dois, o país mais afetado, já que, de acordo com o Eurostat, o país está entre os dez mais dependentes do gás russo.
A Polónia terá mais sorte, uma vez que as reservas de gás dos polacos estão a 76% da capacidade, e “não se afigura necessário ter de recorrer a esse armazenamento”, avança a agência Reuters, citando fonte oficial.
Ambos os países já reagiram. O ministro búlgaro da Energia, Alexander Nikolov, afirmou que o país tem energia suficiente para os próximos tempos. “Não haveria transparência sobre a conversão do pagamento em dólares para rublos, pois iríamos perder o controlo sobre o nosso dinheiro”, disse o governante, citado pela agência búlgara Novinite, que lembra ainda que a Bulgária não está disponível para “negociar sob pressão”.
Também o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, recusou discutir com os russos. “Não vamos ceder a esta chantagem”, disse o líder da Polónia. Morawiecki assegura que a Polónia tem alternativas e que “não precisará de gás russo”, no Outono. “É um ataque direto à Polónia, mas estávamos a preparar-nos”, assegura o chefe do Governo polaco.
Outros países consumidores de gás procedente da Rú(...)
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen já condenou a atitude da Rússia, mas garantiu que ninguém foi apanhado de surpresa. “Estávamos preparados. Estamos em contacto com todos os Estados-membros e a trabalhar para encontrar alternativas”, disse em comunicado.
A verdade é que, desde a notícia da suspensão das transações de gás entre Rússia e alguns países europeus, os preços voltaram a disparar, com consequências a curto e médio prazo para a economia europeia.
Tanto mais que esta ‘sanção’ pode ser estendida a outros países, de resto, uma situação já admitida pelo porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, caso não sejam respeitadas as exigências russas.
Portugal importa da Rússia um valor muito residual de gás, pelo que os portugueses não estão dependentes desta fonte para obter a maior parte do gás usado no país.
Contudo, e tendo em conta um expetável aumento dos preços, Portugal não escapará à escalada, com consequências ainda por conhecer nos diferentes setores de atividade.