09 mai, 2022 - 07:20 • Diogo Camilo
As famílias portuguesas têm a sexta eletricidade mais cara da União Europeia e, em 2021, pagavam o segundo preço mais caro de gás natural na UE, tendo em conta a diferença de custo de vida dos vários Estados-membros.
Esta é uma das conclusões da Pordata na data em que se celebra o Dia da Europa, através de uma radiografia de Portugal no setor da energia. Segundo a base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), só as famílias da Suécia têm custos superiores a Portugal em gás natural, enquanto a Indústria portuguesa pagava, no ano passado, o 18.º preço mais elevado da União Europeia.
Em relação ao custo doméstico da eletricidade, anulando a diferença no custo de vida dos 27 países da UE, em 2021, as famílias portuguesas pagavam o 6.º preço mais caro da UE27, enquanto a Indústria pagava o 14.º mais elevado.
Apenas na Roménia, Alemanha, Polónia, Espanha e República Checa é que a fatura da luz tem um maior impacto na carteira das famílias.
Na União Europeia produziram-se 573,8 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (tep) de energia em 2020. Os países que mais contribuíram para este valor foram a França (com 21% da energia produzida na UE), seguida de Alemanha (17%) e Polónia (10%). No entanto, o país que mais energia produziu em solo europeu foi a Noruega, com 208 milhões de tep.
Mais de um terço da energia produzida na UE correspondeu a energias renováveis (41%), com petróleo e produtos petrolíferos a corresponderem apenas a 4% da energia produzida e o gás natural a 7%.
Em Portugal, fontes como os combustíveis sólidos, gás, e petróleo e produtos petrolíferos são residuais e 98% da energia produzida provém de fontes renováveis. Apenas Malta (100%) e Letónia (99%) ultrapassam este valor.
No capítulo da transição energética, Portugal foi o 11.º país da União Europeia que mais produziu energias renováveis, com mais de 6,6 milhões de toneladas equivalentes a petróleo, e o 5.º país que mais consumiu este tipo de energias na UE, no total do consumo final de energia (34%), conseguindo ultrapassar a meta proposta para 2020 - 31%.
Em 2020, mais de metade da energia renovável produzida por Portugal correspondeu a biomassa (51%), com as energias eólica e hídrica a representarem 16%, a energia solar 4% e a energia geotérmica 3%. No conjunto dos países europeus, a Alemanha é o país que mais contribui para a produção de energia primária através das fontes renováveis (20% da energia total da UE).
Com uma produção residual de combustíveis sólidos, petróleo, gás natural ou energia nuclear, quase dois terços da energia consumida por Portugal vem de fora, com uma dependência (65%) acima da média da UE (58%).
Ainda assim, nos últimos 20 anos, a necessidade de importar energia tem vindo a diminuir: em 2000, Portugal era dependente das importações de energia em 85%, percentagem que foi reduzida em 20 pontos percentuais. Em 2020, Malta, Chipre e Luxemburgo eram os países mais dependentes (mais de 90% da energia importada). O país menos dependente era a Estónia (11%).
O principal exportador de petróleo e derivados para Portugal é o Brasil, com 20%, seguido de Espanha (15%) e Nigéria (13%). A Nigéria é o país que mais exporta gás natural para Portugal (54%), seguido de EUA (19%), Rússia (10%) e Argélia (9%).
Nos últimos 30 anos, a União Europeia diminuiu o consumo de energia primária em 10%, aquela que pode ser utilizada diretamente ou que vai ser transformada, mas Portugal foi um de oito países que aumentaram o consumo em 2020, face a 1990, com a 3.ª maior subida ao consumo de energia primária desde 1990 (+29%). No entanto, desde 2005 que está numa trajetória descendente, tendo conseguido superar a Meta 2020 proposta: em 2020 foi consumido 19,5 milhões de tep, quando a meta era não ultrapassar os 22,5 milhões de tep nesse ano.
Em energia final, Portugal foi um de 11 países que aumentou o consumo e o 6.º que registou um maior crescimento no consumo de energia final (26%), embora desde 2007 esteja numa trajetória decrescente. No mesmo período, entre 1990 e 2020, a UE diminuiu o consumo de energia final em 5%. Ainda assim, Portugal superou a meta proposta, ao consumir 15 milhões de tep quando o objetivo era não ultrapassar os 17,4 milhões de tep nesse ano.
Em intensidade carbónica, a medida utilizada para comparar as emissões dos vários gases de efeito de estufa, Portugal é também o 14.º país que mais toneladas equivalente a dióxido de carbono por milhões de euros de PIB no ano de 2019 - ou a 14.ª pior eficiência carbónica. A Suécia é o país com melhor eficiência carbónica e a Bulgária o país com pior eficiência carbónica.