22 nov, 2021 - 19:20 • Redação
João Rendeiro afasta um eventual regresso a Portugal “pelos próprios pés”, a menos que seja ilibado ou indultado pelo Presidente da República.
Em entrevista à CNN Portugal, o ex-banqueiro compara a sua situação com a de Ricardo Salgado que classifica como um “protegido pelo sistema” que, acrescenta Rendeiro, “segue com a sua vida tranquila em Lisboa”.
Já sobre a sua situação, Rendeiro, que está fugido em parte incerta, tem opinião distinta: “Como nunca paguei nada a ninguém e não tenho segredos de Estado, sou um poderoso fraco”.
Nesta entrevista, mantida à distância com recurso a tecnologias que não permitem identificar o seu paradeiro, João Rendeiro deixou críticas à justiça pelos “dois pesos e duas medidas” entre o seu caso e o do ex-presidente do Grupo Espírito Santo que tem um processo a correr, saído da Operação Marquês.
“É uma pessoa que tem muita informação sobre operações delicadas e intervenientes também complexos”, disse Rendeiro referindo-se aos vários processos que correm, em que há suspeitas de sacos azuis pagos pelo GES a pessoas influentes.
Na entrevista conjunta CNN Portugal e jornal Tal e Qual, João Rendeiro foi confrontado com os crimes de que é acusado, e cujas penas somadas dariam 19 anos, mas contrapôs “com os 60 de Ricardo Salgado”.
Caso BPP
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Rendeiro foi condenado por três vezes: em 2018, a uma pena de cinco anos e oito meses de prisão efetiva, pelos crimes de falsidade informática e falsificação de documentos; em maio de 2021, a uma pena de dez anos de prisão efetiva, pelos crimes de fraude fiscal qualificada, de abuso de confiança qualificado e de branqueamento; em setembro de 2021, a uma pena de três anos e seis meses de prisão efetiva por crimes de burla. O primeiro já transitou em julgado, depois de esgotados os recursos.
Nesta entrevista à CNN Portugal, Rendeiro anuncia recorrer à justiça internacional, num processo no qual vai pedir uma indemnização na ordem dos 30 milhões de euros ao Estado Português.
Como um dos motivos, o antigo banqueiro apresenta a duração do processo, que não deve exceder os sete anos em termos internacionais, sendo que uma das investigações do Caso BPP tem 14, argumenta.
“Em termos internacionais, processos que durem mais de sete anos são considerados processos em falha. Um dos meus processos tem praticamente 14 anos”, avançou. Caso a indemnização seja concedida, diz, será doada.
O antigo líder do BPP falou, ainda, do envolvimento da sua mulher, Maria de Jesus Rendeiro, que está em prisão domiciliária, por suspeita de crime de descaminho, desobediência, branqueamento de capitais e de crimes de falsificação de documento.
Em causa estão alegados crimes ligados às obras de arte do marido, das quais Maria Rendeiro era fiel depositária.
Rendeiro dá, também, explicações sobre a questão da casa de luxo alegadamente comprada pelo o seu motorista, conta o seu dia-a-dia no local onde se decidiu esconder e explica ainda qual o seu novo desafio profissional.
No dia 28 de setembro, João Rendeiro informou a justiça de que ia passar uns dias a Londres e que regressaria no dia 30 de setembro mas acabou por fugir à justiça, num processo relacionado com a adulteração da contabilidade do BPP, envolvendo uma verba a rondar os 40 milhões de euros.
[notícia atualizada às 21h58]