18 mai, 2022 - 07:59 • José Carlos Silva , Olímpia Mairos
A aposta no jogo da raspadinha valeu em 2019 qualquer coisa como 1.728 milhões de euros, e a tendência tem sido crescente, por conta da facilidade em jogar e por haver um resultado instantâneo.
O Conselho Económico e Social (CES) está interessado em saber mais sobre este jogo e sobre as motivações de quem joga. É assinado, esta quarta-feira, um protocolo de cooperação com investigadores e financiadores para uma primeira de três fases de estudo.
Participa o investigador Luís Aguiar Conraria que, apesar de no passado ter sido publicamente critico para com este jogo, assume total independência e neutralidade. “Vamos tentar ser o mais neutros possíveis. Eventualmente, o CES que é a entidade que está a encomendar o estudo pode estar a partir desse pressuposto, mas isso é um problema deles. Eu, enquanto cientista, não posso ter opinião sobre isso”, explica à Renascença.
Conraria e Pedro Morgado são os investigadores da Universidade do Minho que participam neste estudo, que numa primeira fase vai fazer um retrato de quem joga na raspadinha e que características socioeconómicas apresenta.
“O primeiro é tentar fazer um retrato sociodemográfico e epidemiológico, também, do jogo da raspadinha em Portugal, tentar perceber quem é que joga e quais é que são as características das pessoas que jogam, características quer socioeconómicas, quer tentar obter alguns indícios médicos sobre a sua apetência para o jogo. E essa é a parte de que em cujo financiamento se está assegurado e, portanto, deverá avançar rapidamente”, adianta.
Há mais fases, para as quais o CES se propõe procurar investimento. Uma delas inclui entrevistas diretas a quem aposta na raspadinha, e posteriormente, a realização de ressonâncias magnéticas a pessoas com perturbação do jogo patológico.
A apresentação dos objetivos e metodologia do estudo “Quem Paga a Raspadinha” será feita por Pedro Morgado e Luís Aguiar Conraria, a par da assinatura do protocolo de cooperação que dará início à investigação.
De acordo com o CES, Portugal é o país da Europa com maior gasto per capita em raspadinhas, o que representa mais do dobro da média europeia. Só em 2019, a receita com as raspadinhas cresceu 7,8% em relação ao ano anterior, atingindo 1.718 milhões de euros.
A raspadinha representa mais de 50% da receita de Jogo da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.