20 mai, 2022 - 18:00 • Sandra Afonso
Em dia de greve, o governador do Banco de Portugal avisou que o aumento de funcionários públicos ameaça as contas públicas. Segundo Mário Centeno, o crescimento das contratações, sobretudo durante a pandemia, ameaça a sustentabilidade das contas públicas.
Mas quando começou o Estado a contratar? A Renascença foi consultar os mesmos dados utilizados pelo antigo ministro das Finanças e conclui que este aumento de novas entradas de funcionários públicos começou com a autorização de Mário Centeno.
Já há algum tempo que o governador do Banco de Portugal manifesta preocupação com o aumento das contratações públicas. Hoje ilustrou estes alertas com dados da Direção Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP), segundo os quais o ritmo de crescimento das contratações duplicou durante a pandemia.
No entanto, se olharmos para a evolução anual das contratações, desde a intervenção da troika em Portugal, os funcionários públicos só começaram a aumentar em 2015, precisamente o ano em que Mário Centeno assume a pasta das Finanças.
E qual foi a política de contratações no primeiro governo de António Costa? Segundo estes dados, do Ministério do Trabalho, as contratações públicas aumentaram sistematicamente, de ano para ano. No último ano do primeiro mandato, o ritmo de crescimento quase triplicou.
Esta tendência passou depois para o segundo mandato de António Costa, ainda com Mário Centeno nas Finanças, a quem cabia autorizar as novas entradas de pessoal.
Quando é que as contratações públicas registam o maior número de entradas? Após a saída da troika, o ano em que entraram mais trabalhadores para o Estado foi em 2020, precisamente quando Mário Centeno abandona o Governo e vai para o Banco de Portugal. Centeno é responsável pelas contas do primeiro semestre, a segunda parte do ano já foi administrada por João Leão.
Entre entradas e saídas, no final de 2020 o setor público ficou a pagar mais quase 20 mil salários.
Esta tendência de crescimento só é corrigida em 2021, pela primeira vez em seis anos diminuem as estradas de novos funcionários públicos. Neste ano, já era João Leão o responsável pelas Finanças.