26 mai, 2022 - 18:04 • Sandra Afonso
O arrendamento na Airbnb paga sete salários mínimos por ano. É uma forma de fazer face à escalada dos preços, que encolhe cada vez mais o rendimento dos portugueses.
Segundo as contas divulgadas esta quinta-feira pela plataforma Airbnb, o anfitrião típico português ganhou no último ano 4.900 euros. Ou seja, mais de sete salários mínimos, que na altura estava nos 665 euros. Este ano já subiu para 705 euros, mas a inflação também fez aumentar os preços cobrados.
Ainda segundo estes dados, a maioria dos anfitriões tem apenas uma propriedade na plataforma e quase 70% diz que este não é o principal rendimento, o que indica que são sobretudo particulares.
Quase 30% admite que este rendimento extra está a ser utilizado para compensar a subida da inflação, 42% admite mesmo que o pagamento dos hóspedes está a cobrir necessidades básicas, como a alimentação.
Um terço aluga as propriedades para ajudar a pagar as despesas da própria habitação, enquanto mais de metade (54%) usa o dinheiro em melhorias ou na renovação da casa.
Portugal continua a ser um destino atrativo para viver e trabalhar, o que favorece estadias de longa duração e o acolhimento dos nómadas digitais, aqueles que estão em teletrabalho permanente.
“Os hóspedes ficam mais tempo nos destinos e alguns até vivem em alojamentos disponíveis na plataforma Airbnb”, diz a plataforma.
Esta tendência disparou com a pandemia e tem-se mantido. O pico nas estadias de longa duração, a nível global, foi registado no primeiro trimestre deste ano.
“Em 2021, só Portugal registou um crescimento de quase 90% em estadias de longa duração, em comparação com 2019, 17% dos hóspedes declararam que a razão pela qual ficaram num alojamento reservado através da plataforma Airbnb era para viajar e trabalhar remotamente".
Por destino, Lisboa e Porto registaram o maior número de reservas para viagens de longa duração no último ano, logo seguidos de Lagos e do Funchal.
“Cinco dos 10 destinos com mais reservas estão localizados no Algarve ou numa ilha (Lagos, Funchal, Albufeira, Portimão e Quarteira)”, acrescenta a Airbnb.
A maioria dos anfitriões portugueses (51%) são mulheres e os hóspedes estão a diversificar cada vez mais os seus destinos.
Ganham não só quem os recebe, mas também os negócios locais, uma vez que a grande maioria (82%) recomendou locais nas proximidades, mais de metade (69%) aponta mesmo locais menos conhecidos.
Segundo esta plataforma, cerca de 45% das despesas totais dos hóspedes (excluindo alojamento) foram realizadas na área do alojamento.
Cada hóspede terá gastado 130 euros por dia em Portugal: 44 euros em bares e restaurantes, 18 euros em compras e 16 euros para lazer local.