02 jun, 2022 - 18:11 • Sandra Afonso
A prestação do crédito à habitação vai subir entre 100 a 150 euros por mês, alerta a Deco Proteste. A associação de defesa do consumidor avisa as famílias que as dificuldades vão aumentar nos próximos tempos.
Os juros negativos acabaram e as prestações já começaram a subir. Com os preços imparáveis, é preciso responder com o aumento dos juros e, em Portugal, parte do ordenado é reservado para pagar a casa ao banco.
Os Estados tencionam travar a subida generalizada dos preços, que diminui o valor do dinheiro. Uma solução é subir os juros e muitos pedem ao Banco Central Europeu (BCE) que se apresse, mas uma subida rápida também pode ser contraproducente, segundo a Deco Proteste.
O economista Nuno Rico, da Deco Proteste, aponta para mais 25 pontos base, pelo menos, ainda este ano.
Mas mesmo sem uma decisão do BCE, a taxa Euribor já está há cinco meses a corrigir para valores positivos, o que é normal, acrescenta o economista. Anormal era remunerar créditos, sublinha.
Perante a tendência de subida dos juros, quanto é que as famílias vão pagar a mais? Num cenário mais conservador, segundo as simulações da Deco Proteste para a Renascença, em que a taxa de juros fica entre 1% e 1,5%, podemos estar a falar de mais 100 euros por mês, no espaço de um ano.
São dados do INE, em linha com os dados do Eurosta(...)
“Em média, no final do ano poderemos estar a falar de um valor perto de 100 euros acima na prestação mensal, porque as projeções indicam que no final do ano poderemos a estar a lidar com uma Euribor de 1% e, dentro de um ano, poderemos estar com uma Euribor de 1,5%”, indica Nuno Rico.
Se a Euribor chegar aos 2%, o aumento médio ultrapassa os 150 euros, para empréstimos entre 100 e 200 mil euros a 30 anos.
A prestação não sobe ao mesmo tempo para todos nem aumenta todos os meses. É atualizada tendo em conta o tipo de Euribor contratada: a 3, 6 ou 12 meses, explica Nuno Rico.
Quem tem taxa fixa de crédito à habitação sabe que tem uma prestação constante e inalterada.
Esta é uma boa altura para passar de uma taxa variável para uma taxa fixa? Com os juros a aumentar, esta é a melhor altura para mudar para uma taxa fixa e pelo maior prazo possível, mas as taxas fixas têm pontos positivos e negativos, sublinha o economista da Deco Proteste.
“A taxa fixa é sempre um pouco mais alta do que a sua alternativa variável. Vou estar a pagar um valor superior que poderá ou não ser compensado pela evolução da taxa nos mercados. Contudo, se eu quero ficar mais descansado ou o orçamento familiar já está muito no limite, e eu quero garantir que não vou pagar mais do que aquele montante, poderá ser uma alternativa. Não esquecer que as taxas de juro fixas vão acompanhando também a evolução do mercado.”
A recomendação é que as famílias sejam pró-ativas, simulem o impacto da subida dos juros e avaliem alternativas: uma renegociação do crédito, o aumento do período de pagamento ou a alteração do tipo de taxa.
Nuno Rico avisa que o incumprimento vai aumentar e dá como exemplo o crédito ao consumo, que tem taxa fixa, mas é dos primeiros que deixam de ser pagos.
Um cenário de incumprimento generalizado, é o que devemos esperar com esta inflação seguido do aumento dos juros, segundo a Deco Proteste.
( Euribor 6 Meses, com Spread de 1%)
100 mil euros a 30 anos
150 mil euros a 30 anos
Prestação média atual com Euribor a -0,144%: 630,14 €