07 jun, 2022 - 23:47 • Redação
O presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP) diz não compreender as declarações de membros do Governo a sugerir um aumento de 20% do salário do setor privado durante a legislatura.
Em declarações à Renascença, Luís Miguel Ribeiro admite ser muito difícil - se não impossível - que tal venha a acontecer.
“Essa afirmação carece de uma análise mais detalhada. Por um lado, percebermos se é um aumento de 20% real ou nominal. Em segundo lugar, perceber se estamos a falar dos empregos mais qualificados ou do emprego mais indiferenciado. Por outro lado, é preciso percebermos que estamos aqui a falar de um período de quatro anos e parece-me muito difícil - para não dizer impossível - que uma situação dessas venha a acontecer”, argumenta o presidente da AEP.
O ministro da Economia, António Costa Silva, defende o aumento de 20% dos salários no privado, proposto pelo primeiro-ministro, António Costa.
António Costa Silva diz que “o primeiro-ministro não dá ponto sem nó”, defende que "é preciso uma rutura" para o país criar riqueza e “deixar de ser um país subsídio-dependente, sempre à espera de fundos europeus".
Hora da Verdade
Em entrevista à Renascença e ao jornal Público, a (...)
Estas declarações surgem precisamente numa altura em que se discute a redução da semana de trabalho para quatro dias, ou seja em 20%.
O presidente da Associação Empresarial de Portugal estranha que o país esteja a discutir aumentos salariais e redução de horários em simultâneo.
Ainda assim, Luís Miguel Ribeiro admite que este aumento salarial é um desejo de todos, mas que tem de ser feito um longo caminho para esta melhoria ser possível.
“Todos nós gostaríamos muito que tudo isso fosse possível, mas isso só será possível quando melhorarmos a produtividade das nossas empresas. Para isso, precisamos de melhorar as qualificações, de instrumentos e de uma boa aplicação dos fundos comunitários”, defende.
O ministro da Economia, António Costa Silva, afirmou que Portugal tem de deixar de ser um país subsídio-dependente, afirmação que tem a aprovação de Luís Miguel Ribeiro, ainda que com algumas reservas.
“Não podia estar mais de acordo com o ministro da Economia, de que o foco do país deve ser na criação de riqueza, na valorização do setor privado e das empresas. Embora há aqui um detalhe que eu não diria da forma como o senhor ministro disse, porque criar riqueza não significa brincarmos com os apoios que podemos e devemos continuar a ter”, sublinha o presidente da AEP.