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"Turismo não é um dado adquirido" e retoma dá trabalho

07 jun, 2022 - 20:17 • Ana Carrilho

Como é que conseguimos fidelizar os portugueses que descobriram o país durante a pandemia? Essa é uma das questões a que a 8.ª edição do Vê Portugal, congresso organizado pela Entidade Regional do Turismo do Centro, que decorre em Tomar, quer dar resposta.

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“O turismo não é um dado adquirido: pode existir hoje e acabar amanhã, como já vimos em março de 2020. Por isso, tem de ser acarinhado”, alerta o presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, durante a breve intervenção que fez na sessão de abertura do congresso Vê Portugal, em Tomar.

Os dados oficiais mostram que a atividade está a recuperar bem e que Portugal está a conseguir melhores resultados que muitos países europeus e mesmo a nível mundial. Nalgumas regiões, os resultados de fevereiro, março e claramente, de abril, são já superiores aos alcançados nos mesmos meses de 2019, o melhor ano turístico nacional. As expectativas são boas e conseguir que 2022 supere o ano pré-pandemia é uma hipótese altamente provável.

No entanto, Luís Araújo faz questão de frisar que estes bons resultados não são fruto da sorte ou do azar (de outros países mais próximos da zona de guerra), mas sim do muito trabalho de todos que foi realizado nestes dois anos de pandemia, com a requalificação do destino Portugal.

“O turismo tem de mudar, tornar-se também ele mais sustentável, se queremos uma sociedade melhor, um mundo melhor. E Portugal está a fazer essa mudança, está na liderança. Temos um setor estruturalmente forte”, sublinha.

Para o presidente do Turismo de Portugal, é preciso homenagear aqueles que escolheram e descobriram o país, ajudando o setor na fase difícil de pandemia. Mas agora é preciso perceber como é que se fidelizam estes portugueses.

Turistas pagam mais por oferta sustentável

Para o presidente da Confederação do Turismo de Portugal, Francisco Calheiros, isso pode ser feito seguindo as novas tendências e com novos produtos turísticos em todas as regiões sem, no entanto, esquecer os tradicionais.

“O turismo interno está a crescer, mas também está a mudar. Mais de dois terços dos turistas estão disponíveis a pagar mais se tiverem propostas mais sustentáveis. Tem de se olhar e valorizar o turista que faz férias cá dentro.”

Francisco Calheiros considera-se otimista, mas reafirma a necessidade de os apoios estatais prometidos pelo Governo saírem do papel e chegarem às empresas que, depois de dois anos de pandemia, estão descapitalizadas. Outra ajuda pode vir através da revisão da política fiscal.

Para Pedro Machado, presidente do Turismo do Centro, responsável pela organização do Vê Portugal, os destinos regionais ajudam a consolidar a marca Portugal.

Restaurar a confiança, promover a coesão territorial e a sustentabilidade são os três eixos em torno dos quais se desenvolve o encontro, que se prolonga até sexta-feira em Tomar.

Oportunidade para territórios de baixa densidade

A restauração da confiança, na opinião de Pedro Machado, já está a ser conseguida: entre fevereiro e abril a Região Centro teve mais 50 mil dormidas do que nos mesmos meses de 2019. “É uma oportunidade para os nossos territórios de baixa densidade, os portugueses encontraram novas experiências e oportunidades”.

No entanto, o responsável da Entidade Regional de Turismo do Centro admite que ainda há fortes constrangimentos, com sub-regiões mais desenvolvidas do que outras. “E o turismo é uma indústria extraordinária para promover a coesão territorial”, sublinha.

Pedro Machado referiu o que poderia ser uma mais-valia para o país: a aposta na ferrovia. “Pode significar um posicionamento diferenciador de Portugal, com aposta na mobilidade suave, com menor pegada carbónica”. Uma aposta em que os fundos europeus podem ajudar significativamente.

O responsável do Turismo do Centro não tem dúvidas de que “Portugal é um dos melhores destinos do mundo e pode continuar a sê-lo”.

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