08 jun, 2022 - 10:16 • Rosário Silva , com Redação e Lusa
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) reviu em baixa as projeções de crescimento para a economia portuguesa.
Ao invés dos 5,8% previsto para este ano e 2,8% para 2023, a OCDE estima agora que o PIB português vai crescer 5,4% este ano e 1,7 no próximo. Estas estimativas são mais otimistas que as do Governo.
No relatório económico de 2022, a organização considera que apesar de Portugal ter poucas ligações diretas com os mercados russo e ucraniano, a guerra está a afetar a atividade económica, a confiança dos agentes e o poder de compra dos consumidores.
A OCDE aconselha o Governo a dar apoios diretamente aos mais afetados pela subida dos preços, famílias e empresas viáveis. No caso dos combustíveis, defende apoios financeiros diretos em vez da descida de taxas.
A organização justifica a revisão em baixa com o facto de "o ritmo da retoma económica está a diminuir, com a incerteza elevada, o aumento dos preços das matérias-primas e da energia, e redução dos salários reais", apesar de "o forte crescimento do consumo privado e a recuperação do turismo" terem apoiado o crescimento do PIB no início de 2022.
A organização sediada em Paris diz ainda que "os fortes aumentos nos custos de produção afetaram negativamente o sentimento na construção e na indústria" e, "embora Portugal tenha poucos vínculos comerciais diretos com a Rússia e a Ucrânia, a guerra está a perpetuar os aumentos dos preços da energia e dos alimentos, aumentando a incerteza e pesando sobre a retoma económica".
Para o economista João Cerejeira, a confirmarem-se estas previsões, Portugal vai levar muito tempo a recuperar a economia. Segundo a OCDE, a economia do país vai sofrer uma travagem brusca em 2022, com o PIB a crescer apenas 1,7%, o que não deixa de ser motivo de preocupação.
“Talvez esteja mais preocupado, relativamente ao ano de 2023, tendo em conta esta projeção de crescimento de 1,7%”, refere o especialista, para quem “a economia portuguesa precisaria de crescer para valores bem acima dos 2%, para recuperar plenamente das quebras que tivemos durante o ano de 2022”.
Em declarações à Renascença, João Cerejeira, alerta para a eventualidade de se registarem, a partir de 2023, “crescimentos muito modestos”, nomeadamente ao nível do “bem-estar, salários, etc”, com a vida dos portugueses “a demorar algum tempo, até ficar com níveis mais desejáveis”.