23 jun, 2022 - 23:18 • Ana Carrilho
“Ainda não é uma medida estrutural, é delimitada a seis meses (120 + 60 dias) e elimina as quotas de imigração, mas é uma medida que a CTP pedia há muito ao governo”.
Foi assim que Francisco Calheiros, presidente da CTP – Confederação do Turismo de Portugal -se referiu nos 10º Workshops Internacionais de Turismo Religioso, que decorrem em Fátima, ao diploma aprovado a semana passada pelo governo e que facilita a entrada de estrangeiros em Portugal para trabalhar.
A justificação dada pelo governo refere a agilização, simplificação e desburocratização da mobilidade de trabalhadores migrantes, bem como a necessidade de dar resposta à escassez de mão-de-obra sentida em muitos setores e especialmente no turismo.
Para o líder da confederação, é uma boa medida, “imediata e que vem facilitar muito a vida das empresas de turismo, com a contratação de profissionais estrangeiros, numa altura em que se assiste a um grave problema de escassez de mão de obra na atividade turística”.
10º Workshops Internacionais de Turismo Religioso
Ainda assim, o Reitor do Santuário de Fátima, Carl(...)
Francisco Calheiros manifestou-se também bastante otimista quanto à retoma que já se verifica, lembrando os bons resultados do mês de abril (que incluíram a Páscoa) e que já foram superiores aos do mesmo mês de 2019. “Estou otimista que os dados de 2022 vão superar os de 2019, o melhor ano turístico de sempre”, referiu na sua intervenção.
O presidente da CTP não esqueceu, no entanto, os problemas (para além da falta de mão de obra) que atingem o setor: a necessidade de capitalização das empresas do setor que foi mais atingido pela pandemia, os problemas com o SEF no aeroporto de Lisboa e a necessidade de avançar urgentemente para a construção de um novo aeroporto. “É uma vergonha. Como é que andamos há 50 anos a discutir o novo aeroporto e se continua sem uma solução?” questionou mais uma vez Francisco Calheiros.
A questão do aeroporto foi também referida por Alexandre Marto Pereira, CEO do Grupo Hotéis de Fátima e que desta vez marcou presença nos
Workshops Internacionais de Turismo Religioso em representação do presidente da Entidade Regional de Turismo do Centro, Pedro Machado, retido por atraso de voos.
A expetativa é que as taxas de ocupação nas várias(...)
Ainda assim, o empresário admitiu que mesmo havendo problemas no aeroporto de lisboa, em nada se comparam com os que se têm vivido nos últimos tempos em vários aeroportos do mundo e que põem em causa o tráfego aéreo e a circulação de pessoas.
Reconhecendo a recuperação do turismo a nível nacional e global, Alexandre Marto Pereira alertou para a necessidade de “temperar o discurso da euforia porque a recuperação não é homogénea”.
No turismo religioso e particularmente para Fátima, com turistas de idade mais elevada, que depende muito de viagens em grupo e de longa distância, e a dificuldade que alguns mercados têm em arrancar, a retoma é mais lenta.
E referiu dados concretos: o mercado brasileiro, em abril, ainda ficou 20% abaixo do geral do país, o mercado asiático e especialmente o da Coreia do Sul que em 2019 já significava 100 mil noites para Fátima, ainda está parado. Por outro lado, do mercado polaco vêm boas notícias: em abril conseguiu resultados 16% superiores aos de 2019.
Alexandre Marto Pereira, que também já foi responsável pela organização deste evento, frisou o papel que os Workshops Internacionais de Turismo Religioso, organizados pela ACISO – Associação Empresarial Ourém-Fátima - têm para o crescimento deste produto turístico e para a Região de Turismo do Centro.
O próximo desafio é a Jornada Mundial da Juventude que o empresário considera que vai ter “um grande impacto nacional e se calhar, ibérico”.
Na sessão participou também a Secretária de Estado do Turismo. Rita Marques fez questão de sublinhar as previsões do Banco de Portugal para 2022 que apontam para 104,2% dos resultados de 2019. Mas também diz estar ciente dos problemas e desafios que o setor enfrenta. ”Os dossiers são densos e complexos; é preciso reflexão, mas sobretudo, ação”. E garantiu que todos os dias trabalha para os tentar ultrapassar