28 jun, 2022 - 16:44 • Sandra Afonso
O dinheiro digital existe e os consumidores querem mais soluções e apostas nesta área, defende Fabio Panetta, responsável do Banco Central Europeu (BCE).
“Para os bancos centrais, a expansão das criptomoedas foi um toque de despertar. Ficou claro que se não for satisfeita a procura por inovação digital, outros o farão por nós. Se fornecermos ao setor público uma âncora para os pagamentos digitais, podemos acabar com volatilidade, instabilidade e confusão sobre o que é o dinheiro digital”, declarou Fabio Panetta no segundo dia do Fórum do BCE, que decorre em Sintra.
O objectivo do BCE passa por garantir uma moeda digital que satisfaça a procura com eficiência e segurança.
“Para o BCE, o principal motivo para emitir dinheiro digital é garantir que o dinheiro do BCE permanece amplamente acessível na era digital, preservando um papel de âncora no sistema de pagamentos; a necessidade de melhorar a eficiência e segurança dos pagamentos; assegurar a estabilidade financeira; melhorar a inclusão financeira; e enfrentar o risco de adoção em larga escala de moedas privadas ou estrangeiras”, adverte Panetta.
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No entanto, nada está garantido. Não basta existir procura, o euro digital tem de responder às necessidades das pessoas, afirma o responsável do BCE.
“Para ser um sucesso, a moeda digital do BCE deve responder às necessidades das pessoas nas suas vidas diárias, oferecendo uma forma eficiente, fácil de usar e barata para as pessoas efetuarem os seus pagamentos diários em qualquer lugar.”
Fábio Panetta, que moderou esta terça-feira um painel sobre moedas digitais dos bancos centrais, no Fórum do BCE que decorre em Sintra, lembrou ainda porque é que as criptomoedas estão destinadas a falhar.
“As criptomoedas, como estamos a assistir, prosperam inicialmente com o medo do investidor de ficar de fora, para caírem mais tarde. As razões são agora mais claras, os estudos mostram que um terço dos investidores em criptomoedas sabem muito pouco ou mesmo nada sobre os ativos que estão a comprar. Além disso, são propensas a bolhas”, sublinha.
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As últimas semanas têm sido um exemplo dos sucessivos alertas que os supervisores têm deixado sobre este tipo de investimento.
Panetta recorda que “as duas maiores criptomoedas, bitcoin e ethereum, perderam a maior parte do valor, várias moedas perderam o valor e algumas desapareceram, literalmente”.
“Digo que desapareceram porque o fundador desapareceu com o dinheiro”, refere.
O BCE está, desde outubro de 2021, a investigar como poderá ser o euro digital, um processo que só deverá estar concluído em outubro de 2023.
Em causa está a sua conceção, distribuição, o impacto no mercado e eventuais alterações à legislação europeia.
Este foi um dos temas em discussão no Fórum do BCE, que dois anos depois volta a realizar-se em Sintra. Este ano muito focado em temas como a inflação, o impacto da guerra na Ucrânia ou a subida dos juros.