06 jul, 2022 - 09:43 • Lusa
A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, anunciou perante o Parlamento Europeu que o seu executivo vai apresentar este mês um plano de emergência europeu para precaver um eventual corte total de fornecimento de gás russo.
“Precisamos de nos preparar para novas perturbações no fornecimento de gás, até mesmo para um corte total da Rússia. Atualmente, no total, 12 Estados-membros são diretamente afetados por reduções parciais ou totais do fornecimento de gás. É óbvio: [o Presidente russo, Vladimir] Putin continua a utilizar a energia como uma arma”, afirmou, num debate no hemiciclo de Estrasburgo sobre a presidência semestral checa do Conselho da UE, que teve início em 1 de julho.
Von der Leyen anunciou então que “é por esta razão que a Comissão está a trabalhar num plano de emergência europeu”, que apresentará “em meados de julho”.
“Os Estados-membros já têm os seus planos nacionais de emergência em vigor. Isso é bom, mas precisamos de coordenação europeia e de ação comum. Precisamos de assegurar que, em caso de rutura total, o gás flui para onde é mais necessário. Temos de assegurar a solidariedade europeia. E precisamos de proteger o mercado único, bem como as cadeias de abastecimento da indústria”, disse.
A presidente do executivo comunitário sublinhou que os 27 não podem esquecer “a amarga lição” aprendida no início da pandemia da Covid-19, em 2020, comentando que “o egoísmo e o protecionismo conduzem apenas à desunião e à fragmentação”.
“Como sempre, esperamos o melhor, mas preparamo-nos para o pior. Temos um trabalho árduo à nossa frente. Mas, tal como nas últimas semanas, a unidade trará sucesso”, disse.
Ainda em matéria de política energética, a presidente da Comissão observou que “alguns dizem que, no novo ambiente de segurança após a agressão da Rússia, é preciso abrandar a transição verde”, mas argumentou que “o oposto é que é verdade”.
“Se todos nós não fizermos mais do que competir com combustíveis fósseis limitados, os preços vão explodir ainda mais e encher o cofre de guerra de Putin. A melhor, mais limpa e mais segura maneira de sair da nossa dependência são as energias renováveis. Portanto, o novo ambiente de segurança é o melhor argumento para acelerar a implantação das energias renováveis. As energias renováveis são de origem caseira. Elas dão-nos independência dos combustíveis fósseis russos. São mais rentáveis. E são mais limpas”, defendeu.
A guerra na Ucrânia, causada pela invasão russa do país no final de fevereiro passado, agravou a situação de crise energética em que a UE já se encontrava.