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Prestação da casa vai ficar mais cara. BCE discute subida das taxas de juro

21 jul, 2022 - 08:25 • Olímpia Mairos , Filipa Ribeiro

A confirmar-se, será a primeira subida dos juros em mais de uma década e visa combater a escalada da inflação.

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O Banco Central Europeu (BCE) vai discutir esta quinta-feira, se sobe as taxas de juro em 25 ou 50 pontos base. A confirmar-se, será a primeira subida dos juros em mais de uma década e visa combater a escalada da inflação.

Em junho, o BCE indicou que tencionava subir as taxas de juro em 25 pontos base na sua próxima reunião, mas depois disso alguns membros do Conselho da instituição mostraram-se a favor de uma subida mais agressiva, da ordem dos 50 pontos base.

De acordo com a Reuters, o conselho de governadores vai centrar também as discussões em torno de um acordo para ajudar os países endividados, como Itália, nos mercados obrigacionistas, se cumprirem as regras da Comissão Europeia sobre reformas e disciplina orçamental.

A subida das taxas de juro significará mais um agravamento nas prestações a pagar pelos empréstimos e pode não ficar por aqui porque o mais provável é que no futuro os juros possam continuam a subir.

Aumentando as chamadas taxas diretoras do BCE, aumenta a chamada Euribor, que é a taxa de juro média que os bancos cobram sobre o dinheiro que emprestam, mas que também é usada para calcular os juros que são pagos pelos depósitos, o que significa que quem tem dívidas vai pagar mais, mas quem tem poupanças, vai receber mais juros.

A inflação na Zona Euro acelerou para os 8,6% em junho, o valor mais elevado em duas décadas. A escalada dos preços tem levado alguns governadores a defenderem um aperto monetário mais agressivo da parte do BCE.

O objetivo do Banco Central Europeu é de fazer descer a médio prazo a inflação para a casa dos 2%, deixando, por isso, antever um longo caminho a percorrer em termos de taxas de juro.

“É prudente avançar com uma subida de 50 pontos base”, diz economista

À Renascença, o economista António Nogueira Leite explica que só faz sentido alterar as taxas de juro se a subida for significativa. O economista realça que, analisando o que se está a passar entre o euro e o dólar, “é prudente avançar com uma subida de 50 pontos base”.

A intenção do Banco Central Europeu é contornar o aumento da inflação e do custo de vida, mas para o objetivo ser cumprido com sucesso é previsível que a subida desta quinta-feira seja a primeira de muitas. António Nogueira Leite diz “os novos episódios de subida das taxas de juro são prováveis, uma vez que a inflação na zona euros é já de 9%, algo que não pode ser combatido com taxas de juro tão baixas”.

A curto prazo a subida da taxa de juros, vai ter impacto nas contas dos portugueses, principalmente nos que contraíram empréstimos. De acordo com o economista e ex-secretário de Estado do ministério das Finanças, a alteração das taxas Euribor- relacionadas com a taxa diretora já começaram a evoluir e a fazer com que sejam debitados juros mais elevados principalmente nos contratos associados à habitação.

“Quanto mais elevados e quanto mais os juros subam mais o serviço da dívida se torna difícil”, diz António Nogueira Leite acrescentando que “o impacto nas contas dos portugueses vai sempre depender do grau de endividamento e do rendimento”.

A dificultar as contas da Europa vai estar a crise política de Itália. Depois de esta quinta-feira o primeiro-ministro italiano ter apresentado a demissão, o economista António Nogueira Leite não duvida de que a crise política de Itália vai ter consequências na economia da zona euro, tendo em conta que mesmo numa situação estável a Itália já tinha declarado dificuldade em suportar a possível subida das taxas de juro já antecipada pelo BCE, em maio.

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