22 jul, 2022 - 07:29 • Olímpia Mairos
Portugal pode entrar em recessão já no próximo ano em consequência de o Banco Central Europeu ter aumentado as taxas de juro em 50 pontos base.
O aviso é deixado por Vítor Constâncio. O antigo governador do Banco de Portugal e antigo vice-presidente do Banco Central Europeu fala na necessidade de haver limites para aumentar as taxas de juro, sob pena de várias economias podem ficar em risco.
“Eu penso que as condições para os aumentos das taxas de juro que o BCE possa fazer não deveriam ir muito além de 1,5%. Mas é evidente que há um risco, mesmo sem os aumentos das taxas de juro, de haver uma recessão no próximo ano””, diz Vitor Constâncio.
Nesta entrevista à RTP, o antigo governador do Banco de Portugal lembra que “qualquer variação nas taxas de juro leva tempo a produzir efeito na economia”.
O Banco Central Europeu vai aumentar em 0,5 pontos (50 pontos base) as suas três taxas de juro diretoras. Em comunicado, o BCE justifica esta subida para estar “em consonância com o seu forte compromisso de cumprimento do seu mandato de manutenção da estabilidade de preços”
É a primeira subida das taxas de juro em 11 anos e é uma tentativa para controlar o acelerar da inflação na Zona Euro.
Na nota divulgada pelo BCE lê-se que “a futura trajetória das taxas de juro diretoras definida pelo Conselho do BCE continuará a depender dos dados e ajudará a cumprir o objetivo de inflação de 2% a médio prazo”.
Em conferência de imprensa, a governadora do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, revelou que as perspetivas são que “a inflação continue indesejavelmente alta por algum tempo”.
Já sobre uma possível recessão, a presidente do BCE diz que não esperar uma recessão em 2022 nem em 2023, mas admite “que há nuvens no horizonte”.
No início de 2021 a inflação estava negativa, o que significa deflação. A 23 de fevereiro a inflação começou a subir e foi subindo consecutivamente até chegar aos 5,1% a 23 de fevereiro, ainda antes da guerra.
A 24 de fevereiro a guerra na Ucrânia começou e no início de março a inflação estava nos 5,8%, até chegar agora em julho aos 8,6%.
A confirmar-se, será a primeira subida dos juros e(...)