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Organização Internacional do Trabalho

Há 73 milhões de jovens no desemprego, mais seis milhões do que antes da pandemia

11 ago, 2022 - 14:46 • Sandra Afonso

Na véspera do Dia Mundial da Juventude, Organização Internacional do Trabalho destaca impacto desigual entre rapazes e raparigas.

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A pandemia afetou sobretudo os jovens até aos 24 anos. As economias já estão em recuperação, mas muitos ainda lutam por um lugar no mercado de trabalho.

Segundo um relatório divulgado esta quinta-feira pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), na véspera do Dia Internacional da Juventude, o número total de jovens no desemprego chega este ano aos 73 milhões. Representa uma ligeira melhoria face aos 75 milhões registados no ano passado mas está ainda seis milhões acima dos valores de 2019, pré-Covid-19.

O relatório destaca ainda o número de jovens que não trabalham, não estudam nem estão em formação. No início da pandemia, em 2020, os últimos dados disponíveis, esta percentagem subiu para 23,3%, um aumento de 1,5 pontos percentuais face ao ano anterior e o valor mais alto dos últimos 15 anos.

Estes são jovens “particulamente expostos ao risco, de longo prazo, de testemunhar uma deterioração das suas oportunidades e resultados no mercado de trabalho, à medida que os efeitos de 'cicatrização' se fazem sentir”, refere a OIT.

Mais rapazes empregados

Entre os jovens, as mulheres estão numa situação ainda mais difícil, de acordo com o Global Employment Trends for Youth 2022. Este ano, estima-se que apenas 27,4% das mulheres jovens estejam empregadas, o que compara com 40,3% dos homens jovens. Contas feitas, eles têm quase 1,5 vezes mais probabilidades do que elas de arranjarem emprego.

Segundo a OIT, “este diferencial de género tem mostrado poucos sinais de redução nas últimas duas décadas” e “é maior nos países de rendimento médio-baixo (17,3 pontos percentuais), e menor nos países de rendimento alto (2,3 pontos percentuais).”

Nos países pobres os jovens têm mais dificuldade em trabalhar

Este trabalho estima que apenas os países de elevado rendimento cheguem a taxas de desemprego jovem próximas das de 2019 até ao final deste ano. Nos restantes, com níveis de rendimento inferiores, as taxas de desemprego deverão manter-se mais do que 1 ponto percentual acima dos valores pré-crise.

Na Europa e na Ásia Central, a taxa de desemprego da população jovem deverá situar-se este ano 1,5 pontos percentuais acima da média global (16,4% contra 14,9%, respetivamente). O desemprego jovem tem descido de forma significativa, mas o conflito na Ucrânia “pode afetar fortemente os resultados”.

Na região da Ásia e do Pacífico o desemprego jovem deverá atingir 14,9% em 2022, o mesmo que a média global, mas com divergências entre sub-regiões e países.

Na América Latina, a taxa de desemprego jovem é ainda “preocupante”, estima-se que chegue aos 20,5% este ano, sobretudo agravada entre as mulheres. Já mais acima, na América do Norte, o desemprego jovem deverá ficar abaixo da média mundial, com 8,3%.

Em África, a estimativa aponta para uma taxa de desemprego jovem de 12%, mas este número não revela os que abandonaram o mercado de trabalho. “Em 2020, mais de um em cada cinco jovens, em África, não trabalhava, não estudava, nem frequentava um curso de formação (NEET) e a tendência tem vindo a agravar-se”, refere a OIT.

Os Estados Árabes surgem no topo, com a taxa de desemprego jovem mais elevada e de crescimento mais rápido a nível global, deverá estar nos 24,8% em 2022. Para as mulheres jovens ainda é pior, ronda os 42,5%, quase três vezes mais do que a média das mulheres jovens a nível global (14,5%).

Oportunidades? Sustentabilidade, digital e cuidados

Podem ser criados mais 8,4 milhões de empregos para jovens até 2030, através da implementação de medidas de política verde e azul, recursos oceânicos e utilização sustentável. Os jovens estão em melhor posição para aproveitar estas oportunidades.

Em curso estão ainda investimentos específicos em tecnologias digitais, que podem absorver um elevado número de jovens trabalhadores. O Relatório estima que a cobertura universal da banda larga até 2030 pode abrir, em termos líquidos, 24 milhões de novos postos de trabalho em todo o mundo, dos quais 6,4 milhões seriam ocupados por jovens.

Os jovens podem ainda trabalhar no sector dos cuidados (saúde e educação), de acordo com este trabalho, o investimento nesta área vai beneficiar as novas gerações: melhora as perspetivas de emprego; facilitam a empregabilidade dos jovens pais; promovem o bem-estar da população jovem; contribuem para reduzir as taxas de jovens que não trabalham, não estudam nem estão em formação.

Os investimentos na prestação de cuidados podem criar 17,9 milhões de empregos adicionais para a população jovem até 2030.

Segundo este trabalho, a implementação conjunta de medidas verdes, digitais e dos cuidados no quadro de um grande esforço de investimento aumentaria o produto interno bruto (PIB) global em 4,2% e criaria 139 milhões de empregos adicionais para trabalhadores de todas as idades em todo o mundo, dos quais 32 milhões para a população jovem.

A OIT chama ainda a atenção para a necessidade de garantir “condições de trabalho dignas para todos os jovens trabalhadores”. Assegurar que gozam de direitos e proteções fundamentais, incluindo a liberdade de associação, o direito à negociação coletiva, salário igual para trabalho de igual valor, e um trabalho livre de violência e assédio.

"A crise da COVID-19 revelou uma série de lacunas na forma como as necessidades da população jovem são abordadas, especialmente a mais vulnerável, de que é exemplo aqueles e aquelas jovens que procuram emprego pela primeira vez”, afirmou Martha Newton, diretora-geral adjunta para as Políticas da OIT.

"O que os jovens mais precisam é de mercados de trabalho que funcionem bem, com oportunidades de emprego digno para quem já está a trabalhar. E para quem ainda não está a trabalhar, oportunidades de educação e formação de qualidade", conclui.

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