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Açores atraem cada vez mais estrangeiros. Recordes de 2019 já foram batidos

02 set, 2022 - 17:10 • Ana Carrilho

Há três meses que os Açores estão a receber mais turistas do que antes da pandemia. Graças a novas rotas e mais companhias aéreas a operar para o arquipélago. Carlos Morais, presidente da Associação de Turismo dos Açores, diz à Renascença que é preciso manter a notoriedade ganha e combater a sazonalidade.

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Em julho, a Região Autónoma dos Açores registou 438 mil dormidas em alojamentos turísticos. São as estimativas do Serviço Regional de Estatísticas, divulgadas recentemente. Ou seja, mais 47 mil do que em julho de 2019, que era até agora o melhor de sempre. Um crescimento de 12%. E que não é único. Maio e junho já tinham sido também meses em que os recordes foram batidos.

Se em 2021, ainda em período de pandemia, foram os portugueses a descobrir e a fazer crescer o turismo açoriano, em 2022, o crescimento já registado deve-se especialmente aos estrangeiros.

Em julho chegaram aos Açores 40.700 turistas estrangeiros, mais um terço do que no mesmo mês de 2019.

“É um ótimo sinal para o reforço da economia dos Açores, o que é muito importante depois de 2020 e 2021 (com a pandemia de Covid 19), diz Carlos Morais, presidente da Associação de Turismo dos Açores, em entrevista à Renascença.

O responsável pela promoção do turismo açoriano frisa que o crescimento registado este ano se deve à notoriedade que o arquipélago conseguiu nos últimos anos, o que lhe tem valido diversos prémios internacionais.

“Somos as únicas ilhas certificadas pela sustentabilidade. Temos mantido a nossa identidade natural e cultural. E essa notoriedade nos mercados internacionais, sejam europeus, dos Estados Unidos ou do Canadá, tem dado os seus frutos. Especialmente este ano, em que temos novas companhias aéreas e novas rotas para Ponta Delgada e para a Terceira”, diz Carlos Morais.

Novas companhias e o triplo das ligações aéreas

O ano passado, três novas companhias iniciaram as ligações aéreas para os Açores: a Swiss (Genebra-Ponta Delgada), a Lufthansa (Frankfurt-Ponta Delgada) e a Iberia (Madrid – Ponta Delgada). A que se juntaram, este ano, a British Airways, com duas rotas para Ponta Delgada e para a Terceira; a Transavia, que passou a ligar Paris e Amesterdão a S.Miguel e a Edelweiss, que inaugurou a rota de Zurique para Ponta Delgada.

Carlos Morais faz questão de sublinhar “uma operação muito musculada, com voos diários de Nova Iorque” da United Airlines.

Neste crescimento do número de turistas estrangeiros que chega aos Açores há que contar também com a Azores Airlines (SATA), nomeadamente com os voos para o Canadá e Estados Unidos.

“Com os números e as informações que temos, acho que qualquer destas ligações está a correr muito bem, dentro das expetativas das companhias aéreas”.

O presidente da ATA diz que tudo será feito para que as ligações se mantenham ou até aumentem. “Muitas (companhias) ainda estão muito focadas nos meses de julho e agosto, outras de junho a setembro. Queremos dilatar as ligações, pelo menos para fazerem o verão IATA (de março até ao fim de outubro).

Manter a notoriedade e reduzir a sazonalidade

O objetivo é reduzir a sazonalidade nos Açores e manter operação aérea para o arquipélago durante todo o ano. “É um longo trabalho que ainda temos pela frente, mas penso que os Açores, especialmente para alguns mercados, pode ser bastante atrativo”, diz Carlos Morais.

O presidente da ATA dá como exemplo os Estados Unidos e o Canadá, assim como os países nórdicos, com invernos muito rigorosos. “Mas nos Açores, na mesma altura, podem encontrar uma temperatura agradável e um tempo ameno”. Para que tal se concretize é preciso apostar em ligações à Europa, nomeadamente através do hub de Lisboa.

“O que nós queremos sempre é aumentar a receita turística e o gasto médio/turista. Há uma grande diversidade entre as nove ilhas e há que fazer o máximo para fazer chegar os turistas a cada uma delas, durante o maior período possível do ano. Há ilhas que sentem muito a sazonalidade e é preciso corrigir essa situação.”

Em termos de mercados internacionais para os Açores, o alemão lidera, mas Carlos Morais considera que, com a procura que existe e o número de ligações garantidas pela United Airlines e a SATA, há todas as condições para que os Estados Unidos se tornem no primeiro mercado estrangeiro. “É um mercado que cria muito valor para a economia da Região”. Seguido do germânico e canadiano.

Antes da pandemia, outro mercado em crescimento era o brasileiro. Por enquanto, ainda não recuperou, mas o presidente da ATA espera que a situação mude em breve. “É um mercado potencial que caiu substancialmente com a pandemia, mas com a ajuda da TAP, uma companhia que tem grande conectividade com o Brasil, será desenvolvido”. A Associação de Turismo dos Açores conta com o programa Stopover e outras campanhas da companhia aérea nacional para atrair turistas brasileiros para o arquipélago.

Depois da crise sísmica, turistas voltam a S. Jorge

Desde o dia 19 de março e durante cerca de dois meses, os habitantes da Ilha de S. Jorge e muito especialmente, da freguesia de Velas, sentiram mais de 33.300 abalos sísmicos. Muitos foram os que abandonaram a ilha e toda a economia parou. Os turistas repensaram as suas viagens.

Hoje, a situação é completamente diferente. O vouchers de 35 euros oferecidos aos não residentes para gastar em restauração, comércio e atividades turísticas, assim como o aumento das ligações marítimas e aéreas para S. Jorge, ajudaram.

“Foram dois meses muito negativos. Hoje é uma não questão e o turismo está a fluir normalmente, dando dinamismo à hotelaria, restauração, animação turística, rent-a-car. Tudo funciona normalmente. Há uma apetência para visitar S. Jorge e já se sente o crescimento”, garante Carlos Morais.

À semelhança do que acontece a nível nacional e global, também a atividade turística açoriana se ressente da falta de mão de obra. “O governo regional tem que pensar numa solução muito em breve, no sentido de captar mão-de-obra estrangeira para os Açores. Para que em 2023 os empresários do setor não passem pelas mesmas dificuldades que viveram este ano”.

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