24 out, 2022 - 10:39 • João Cunha , Cristina Nascimento
A Galp lucrou mais de 600 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano - quase o dobro comparando com igual período do ano passado. A economista Susana Peralta defende que este aumento de lucros deve ser "partilhado", a bem da paz e justiça social.
Este balanço surge aquando de “um inverno de crise, de uma Europa que está a entrar em ventos de recessão, que sopram de vários lados” e, por isso, é um aumento que tem de ser partilhado. "Temos de coletivizar isto de alguma forma para manter a paz social e pôr alguma justiça social".
Nestas declarações à Renascença, Susana Peralta defende ainda que a receita fiscal extraordinária seja aplicada em incentivos para “acelerara a transição energética”.
“Se as empresas estão a ganhar muito dinheiro na parte dos combustíveis fósseis, como estes números da GALP parecem indiciar, isso está a dar incentivos errados às empresas para, no fundo, investirem nessa parte dos combustíveis fósseis e não é isso que nós queremos. O que nós queremos é que ganhem muito dinheiro nas energias renováveis e que, de facto, aproveitemos este momento conturbado dos mercados energéticos para empurrar, para acelerar a transição energética”, explica.
A economista recomenda que os impostos extraordinários sejam “desenhados com cuidado, para não retirarmos incentivos às empresas que estão a fazer investimentos na área das renováveis”.
Pedro Filipe Soares usou o Twitter para comentar os lucros da petrolífera.
“O país empobrece, os salários perdem poder de compra, ir à bomba de gasolina é um roubo. Mas, para a Galp, é dia de festa!”
Para o deputado é “preciso acabar com este abuso e taxar os lucros extraordinários”.
Esta segunda-feira a petrolífera enviou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários contas que apontam para lucros da petrolífera de 187 milhões de euros no terceiro trimestre deste ano, mais 26 milhões do que em igual período do não passado.
O aumento dos preços do petróleo e do negócio de refinação ajudam a explicar estes resultados, dado que, até setembro, as margens de refinação subiram para cerca de 12 dólares por barril, quando há um ano o valor não chegava aos 3 dólares por barril.